quarta-feira, 27 de julho de 2016

Templos atrasam o crescimento da Igreja

Louvavam a Deus por tudo e eram estimados por todos. E cada dia o Senhor juntava ao grupo as pessoas que iam sendo salvas (Atos 2:47).

O que é a Igreja? A Igreja com “I” maiúsculo é a comunidade invisível de todos os salvos de todos os tempos. Parece um grande absurdo a afirmação de que “templos atrasam o crescimento da Igreja”, mas será que não há um fundo de verdade nessa frase?

Alguns diriam que eu estou equivocado. Afirmariam categoricamente que se não fossem os templos, o Evangelho não teria se espalhado pelo mundo. Será mesmo verdade? Será que as Boas Novas foram difundidas na velocidade que Deus planejou em sua perfeita vontade?

Pedro escreveu: Esperem a vinda do Dia de Deus e façam o possível para que venha logo (2 Pedro 3:12). Quando essa frase foi escrita, Jesus havia dito: E a boa notícia sobre o Reino será anunciada no mundo inteiro como testemunho para toda a humanidade. Então virá o fim (Mateus 24:14). Pelo que se depreende desses versos, os interessados podem sim apressar a volta de Jesus.

Muitos evangelistas e missionários têm espalhado essa boa notícia pelos povos da terra, exercendo com zelo a sua atribuição e contribuindo para o crescimento do corpo de Cristo. Mas será que somente eles deveriam fazê-lo? Será que se cada um de nós fizesse a nossa parte, Jesus Cristo já não teria voltado para buscar a sua noiva?

Ou será que os salvos não estão mais aguardando ansiosamente a volta de Cristo? Esse é outro problema. Não deveria ser assim, pois a pátria dos salvos está nos céus, de onde também aguardam o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Filipenses 3:20).

Então, é preciso encontrar as razões que estão atrasando o crescimento do Reino e, por conseguinte, a volta de Jesus Cristo. A obra evangelística de proclamar o evangelho é o principal propósito da Igreja com relação ao mundo. Disse Jesus: Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mateus 28:19).

Nos parágrafos que se seguem, estão escritas várias razões pelas quais entendo que os templos podem ser uma desvantagem à propagação mais rápida do evangelho, à expansão espontânea da Igreja e, porque não, à volta de Cristo.

Em primeiro lugar, templos promovem uma imagem institucional através de bens materiais e demandam uma tremenda quantidade de dinheiro que poderia ser usada para o suporte de uma missão evangelística. A Igreja precisa repelir esta imagem em favor de sua natureza espiritual bíblica.

Templos são vistos como o lugar de evangelismo. Ganhar almas é algo feito durante os cultos ao invés de lá fora no mundo onde as pessoas se encontram. Quando a atividade da Igreja fica centrada em instalações, os membros tendem a transferir suas responsabilidades individuais de ganhar almas para o pastor e para a instituição. No lugar de darem testemunhos pessoais, os membros levam os descrentes para o culto para que o pastor faça este trabalho por eles. Além disso, é difícil conseguir que descrentes se locomovem até ao templo. O melhor testemunho ainda é aquele dado por um cristão dedicado em seu contato natural cotidiano com os perdidos.

Com os conceitos tradicionais, encara-se o templo como sendo um lugar evangelístico por natureza. Recentemente ouvi um indivíduo expressar a ideia de que o templo deveria ser de beleza tal que as pessoas seriam automaticamente atraídas por ele. Por outro lado, aquilo que realmente deveria atrair as pessoas seria a vida de um cristão dedicado. Disse Jesus: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus" (Mateus 5:16). Nenhum templo bonito pode fazer o mesmo que a vida dinâmica de um cristão cheio do Espírito Santo.

 Templos tendem a separar o fermento da massa. Jesus falou que o reino dos céus era semelhante ao fermento colocado na farinha. O fermento é um agente invisível agindo sobre a massa. A Igreja (fermento) reúne-se em um templo para realizar seu trabalho. Pequenos pedaços de massa (mundo) são levados para o templo para serem levedados ao invés do fermento ser levado à massa. Frequentemente, o templo se transforma num refrigerador onde todas as partículas de fermento são ajuntadas para armazenamento permanente a espera da vinda do Senhor.

Templos tendem a separar a congregação do lar. De fato, o lar é a unidade básica da Igreja. A Igreja é Igreja aonde quer que esteja e não apenas quando está reunida em assembleia pública. Quando a congregação é vista como uma entidade separada do lar, os pais tendem a transferir a responsabilidade da instrução religiosa dos filhos para o templo. No conceito bíblico o lar deve ser o centro da instrução religiosa.

Templos limitam muito o crescimento da congregação. Um construtor de templos certa vez disse o seguinte: "Uma igreja raramente crescerá além de 80% da capacidade de seu templo." Se os cristãos desejam crescimento contínuo, têm que optar por uma congregação lotada ou ampliar o templo. Uma Igreja que não está circunscrita a edifícios tem possibilidades ilimitadas de crescimento. Lares estão sempre disponíveis. O tamanho de um templo, e consequentemente seu crescimento potencial, está limitado pela capacidade financeira da congregação. A capacidade espiritual de crescimento da Igreja ultrapassa em muito os recursos financeiros de uma congregação. Tal situação esfria o ardor evangelístico.

Templos, como propriedades da congregação, criam a necessidade de uma pessoa jurídica. O status legal da congregação obriga que certos padrões sejam estabelecidos para se pertencer a organização que detém a propriedade. Uma série de procedimentos organizacionais acompanha a entidade legal. Um registro oficial de membros juntamente com a natureza formal da igreja típica tende tornar a frequência em sinônimo de fidelidade. Se não houvesse a necessidade de um registro de membros, então haveria menos ênfase no lado formal do Cristianismo e um aumento na ênfase de fidelidade diária na vida cotidiana.

Fazer do templo um requisito necessário proíbe a Igreja de entrar em certas áreas estratégicas. Os centros das grandes cidades precisam drasticamente do evangelho, mas as congregações estão se mudando destas áreas. Quem possui dinheiro paira comprar terrenos e construir a estrutura necessária para causar um verdadeiro impacto na vida dos centros das cidades?

Templos podem promover esquemas de angariação de dinheiro que são imorais e até pecaminosos. Muitas congregações utilizaram vários expedientes de negócio para levantar dinheiro para templos. Existem congregações que são levadas a facilitar a sonegação de impostos a fim de conseguir dinheiro para seu templo quando são abordadas por sonegadores que oferecem dinheiro em troca de recibos de doações filantrópicas. Tais esquemas para conseguir dinheiro expõe ao mundo uma imagem materialista... "Tudo o que a igreja quer é dinheiro."

Templos promovem o uso de nomes oficiais, tornando a congregação uma entidade denominacional. O templo requer que uma propriedade pertença a uma organização. Os requisitos legais obrigam a escolha de um nome. Praticamente todo templo possui uma placa denominando o grupo que congrega ali. Nada de templos... não há necessidade para isto. Sem a imagem institucional a igreja pode ser simplesmente “o caminho” ao invés de uma organização especifica.

A cada ano, os membros fazem uma grande festa de “aniversário da igreja” achando que estão comemorando a data de nascimento da Igreja, quando, equivocadamente, estão celebrando a data de fundação do templo, num escandaloso flagrante de idolatria.

Templos promovem a Igreja aos olhos do mundo como uma força social e política, ao contrário de uma força espiritual. Já imaginou o que teria acontecido caso a Igreja primitiva tivesse construído um grande número de prédios espalhados pela cidade de Jerusalém para comportar seus milhares de novos convertidos? Neste caso, quando a perseguição chegasse, ela teria se esforçado para exercer algum tipo de pressão política ou teria se comprometido para proteger seu investimento material na cidade. Entretanto, a igreja era livre para deixar a cidade e mudar para qualquer lugar que o Espírito Santo movesse. O poder político e riquezas geralmente andam de mãos dadas. Uma congregação materialmente rica geralmente se preocupa em achar formas de influência política para melhorar sua imagem e posição no mundo.

A congregação com seus templos e sua inclinação para o institucionalismo tenderá a uma abordagem organizacional para o evangelismo, utilizando o templo como ferramenta da organização, ao invés de pensar no evangelismo como algo espontâneo. Uma abordagem estruturada e organizacional para o evangelismo frequentemente inibirá ao invés de promover o resgate de almas. Ganhar almas é a expressão automática dos cristãos cheios do Espírito Santo. Não é necessária uma organização para garantir o sucesso no evangelismo. As posses materiais da congregação e organização enfatizam o elemento humano no evangelismo mais do que o divino. Quando o Espírito de Deus enche a Igreja, há progresso espontâneo independente da ausência de outras coisas que muitos consideram necessárias.

Templos inibem a expansão espontânea da Igreja através do mover dos Cristãos de um lugar para outro. Se uma família cristã se muda para uma nova comunidade, quanto tempo levará para aquela família iniciar uma igreja e prosperar no sentido tradicional onde se dá tanta importância a casas de reuniões. Só o pensamento de um empreendimento tão tremendo desencorajaria muitos. Ao invés disso, a tendência será de se juntar a outro grupo existente o qual já possui um templo construído. Quando o templo não é considerado uma necessidade, qualquer um pode iniciar um ponto de reunião no seu lar. Assim, todos podem exercer influência imediata em sua vizinhança.

Templos tendem a colocar o treinamento de lideranças em um plano fora do natural. Os líderes são considerados como aqueles que estão à frente da parte organizacional da vida da congregação e que lideram as assembleias formais no templo. A liderança no sentido tradicional é destituída do verdadeiro significado espiritual como visto na Igreja do Novo Testamento. O treinamento não é realizado no "campo de trabalho" como era na Igreja primitiva. Os pescadores de almas são treinados anos e anos mais nunca saem para pescar. Até as crianças são treinadas desde a infância quando a Igreja está no lar. As crianças aprendem vendo os pais no trabalho ativo para Cristo na comunidade imediata.

Leia mais sobre o assunto.

Bibliografia:
Holmquist, Gerald. Pattern for Progress

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