sexta-feira, 29 de julho de 2016

Época humanista

Portanto, como as Escrituras Sagradas dizem: “Quem quiser se orgulhar, que se orgulhe daquilo que o Senhor faz” (1 Coríntios 1:31) 

Vivemos numa época humanista. Durante as últimas décadas, o homem tem lutado para tirar Deus de sua consciência e de sua cultura. Tem derrubado cada um dos altares visíveis do único Deus verdadeiro e tem construído monumentos dedicados a si mesmo com o zelo de um fanático religioso. Isto não é uma luta entre o secularismo e o pensamento religioso. Não pense isso, porque o secularista tem uma religião, e algumas vezes ele é muito mais fanático em sua religião do qualquer Cristão jamais fingiu ser.

O homem tem conseguido fazer de si mesmo a medida central e o fim de todas as coisas. Ele louva o seu próprio valor inerente, exige homenagens à sua autoestima, e promove o cumprimento de suas ambições e de suas autorrealizações, como a coisa mais importante a se alcançar. E se você não crê que isso se tem alastrado dentro do Cristianismo, então você não leu o livro “Sua Melhor Vida Agora”, de Joel Osteen, porque é exatamente disso que se trata. Ele menospreza o remorso de sua consciência. Ele não pode removê-la, ela está ali para ficar. Ele menospreza o remorso de sua consciência como remanescente de uma religião antiquada de culpa: o Cristianismo. E ele livra a si mesmo de qualquer responsabilidade do caos moral que o rodeia, culpando a sociedade ou, pelo menos, essa parte da sociedade que não tem alcançado a sua “iluminação”. Qualquer sugestão de que sua consciência pudesse estar correta em seu testemunho contra ele mesmo, ou de que ele poderia ser responsável pela quase infinita variedade de maldade no mundo, é impensável para esse homem.

Por esta razão, o Evangelho é um escândalo para o homem caído, porque expõe suas ilusões sobre si mesmo, e o convence de sua queda e de sua culpa. Este é o primeiro e o principal trabalho do Evangelho, e esta é a razão pela qual o mundo detesta tanto a pregação do verdadeiro Evangelho: porque o verdadeiro Evangelho arruína a festa do homem, faz cair chuva sobre a sua celebração, expõe suas falsas crenças, e faz ver que “o imperador está nu”.

As Escrituras reconhecem que o Evangelho de Jesus Cristo é uma pedra de tropeço e uma loucura para todos os homens de todas as eras. E vou dizer isto mais adiante: Não apenas é um escândalo, mas deve ser um escândalo. Foi um dos reavivalistas do passado que disse: “Como é possível que o mundo não tenha ido bem com o Homem mais santo que andou sobre a terra, mas pode viver bem conosco?” Nós deveríamos ser um escândalo. Agora, nós não temos que viver como um bando de fanáticos. Não temos que fazer um monte de loucuras para sermos um escândalo. Basta ser fiel a esta única proclamação: Jesus é o Senhor de tudo. Tentar remover o escândalo dessa mensagem é anular a cruz de Cristo e seu poder salvador.

Devemos compreender que o Evangelho não é somente escandaloso; ele deve sê-lo. Através da loucura do Evangelho, Deus decretou destruir a sabedoria dos sábios, frustrar a inteligência das mentes mais brilhantes e humilhar o orgulho de todos os homens, com o fim de que nenhuma carne se glorie em Sua presença.

O Evangelho de Paulo não apenas contradizia a filosofia religiosa e a cultura de seus dias, como também declarava guerra contra elas. Não uma guerra política. Não uma guerra militar. Mas uma guerra espiritual pela verdade. Recusava a trégua ou fazer tratados com o mundo e não se conformava com nada menos do que a redenção absoluta da cultura ao Senhorio de Jesus Cristo, até que cada um de nossos pensamentos fosse levado cativo a Cristo.

Faríamos bem em seguir o exemplo de Paulo. Devemos ser cuidadosos a fim de rejeitarmos qualquer tentação em conformar nosso Evangelho à moda do momento ou ao desejo dos homens carnais.

Por Paul David Washer

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Pluralismo religioso

“Elias chegou perto do povo e disse: – Até quando vocês vão ficar em dúvida sobre o que vão fazer? Se o Senhor é Deus, adorem o Senhor; mas, se Baal é Deus, adorem Baal! Porém o povo não respondeu nada” (1 Reis 18:21)

Também vivemos em uma época de Pluralismo, um sistema de crença que põe fim à verdade, declarando que tudo é verdade. Quando tudo é verdade, isto é, quando declarações contraditórias e diametralmente opostas são ambas etiquetadas como verdades, o resultado é a morte da verdade.

O que eu vou dizer pode ser difícil de entender: os Cristãos que viveram nos primeiros séculos da fé Cristã foram marcados e perseguidos como ateus. A cultura que rodeava o Cristianismo estava mergulhada em teísmo. O mundo estava cheio de imagens de divindades e a religião era um negócio crescente. Os homens não só toleravam as divindades dos outros, mas também as trocavam e as compartilhavam. É o Pluralismo religioso.

O mundo religioso inteiro estava funcionando muito bem, até que os Cristãos apareceram e declararam que os deuses feitos por mãos humanas não eram deuses de verdade. Eles se negavam a dar aos Césares as honras que lhes eram exigidas, recusavam-se a dobrar os joelhos diante dos outros supostos deuses e confessavam somente a Jesus como Senhor de tudo e, portanto, foram rotulados de ateus. O mundo inteiro via essa arrogância assombrosa e reagia com fúria contra os Cristãos por sua intolerância contra a tolerância.

Vejam estas palavras: “arrogância assombrosa”. O mesmo cenário abunda em nosso mundo hoje. Contra toda a lógica, estão dizendo a nós que todos os pontos de vista com respeito a religião e moralidade são verdades sem importar quão radicalmente diferentes sejam ou quão contraditórios possam ser. O aspecto mais esmagador de tudo isto é que através dos esforços incansáveis dos meios de comunicação e do mundo acadêmico isso rapidamente está se tornando a opinião da maioria. Todavia, o Pluralismo não resolve o problema, nem cura a doença. Ele somente anestesia o paciente para que não seja mais capaz de pensar ou sentir. O Evangelho é um escândalo porque desperta o homem de sua sonolência e se nega a deixá-lo repousar sobre um fundamento tão ilógico. Ele o obriga a chegar a uma conclusão a qual Senhor verdadeiramente servir.

O verdadeiro Evangelho é radicalmente exclusivo. Nunca pensei que chegaria um dia no qual teria que dizer isto a evangélicos: que o Evangelho é radicalmente exclusivo. Nunca pensei que iríamos começar a perder Cristo como o único caminho. Agora, escutem: O verdadeiro Evangelho é radicalmente exclusivo, Jesus não é um caminho, mas sim O caminho, e os demais caminhos não são caminhos, na verdade.

Escutem isto com cuidado, porque isto é o que está acontecendo hoje: se o Cristianismo simplesmente se movesse um pequeno passo rumo a um ecumenismo mais tolerante e alterasse o artigo definido “O” em “O Salvador” pelo artigo indefinido “um”, em “um salvador”, o escândalo seria removido e o mundo e o Cristianismo poderiam tornar-se amigos. Você percebe isso? Se simplesmente disséssemos que Jeová é “um deus”, já não teríamos mais perseguição sobre nós. Se simplesmente disséssemos que Jesus é “um salvador, convidar-me-iam até para o programa da Oprah Winfrey. Vocês percebem isso? Todo o escândalo seria removido, se somente disséssemos: “Ele é o nosso salvador”. Vocês têm o de vocês, nós temos o nosso. Nós não vamos impor nada a vocês. Nós não vamos discutir nem dialogar nada. Se esse é o seu caminho, siga-o, e eu seguirei o meu. Se somente disséssemos isso, nunca seríamos perseguidos. Mas, se fizermos isso, o Cristianismo deixa de ser Cristianismo, nós deixaremos de ser Cristãos, Cristo é negado, e o mundo fica sem um Salvador.

Continua...

Por Paul David Washer

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Envergonhado do Evangelho

“Eu não me envergonho do evangelho, pois ele é o poder de Deus para salvar todos os que creem, primeiro os judeus e também os não-judeus” (Romanos 1:16)

Quando olhamos para o verso acima, entendemos que Paulo não estava envergonhado do Evangelho. Pode parecer algo incomum para nós que ele tenha feito esta declaração, sendo um apóstolo, o principal portador do Evangelho de Jesus Cristo. Mas, quero te dizer que, na carne, Paulo teria muitas razões para estar envergonhado do Evangelho, porque o Evangelho que ele pregava contradizia tudo que se cria ser verdade, e tudo que se cria ser sagrado em sua cultura.

Paulo não tinha nenhum intento de ser relevante à sua cultura. Ele não tinha nenhum intento de fazer um acordo com ela, adaptar sua mensagem a ela, por um embrulho na sua mensagem ou qualquer outro tipo de absurdo que se tem tornado tão proeminente na comunidade evangélica de hoje. Para o judeu, o Evangelho — o Evangelho de Paulo — era o pior tipo de blasfêmia, porque declarava que o Nazareno, que morreu naquela cruz amaldiçoada, era o Messias e o Filho de Deus. Para o grego, era o pior tipo de absurdo, porque declarava que este judeu de um lugar distante era na verdade, Deus em carne. Por isso, Paulo sabia que, quando abrisse sua boca para proclamar o Evangelho, ele iria ser completamente rejeitado e ridicularizado com desprezo, a menos que o Espírito Santo interviesse e movesse sobre os corações e mentes dos que escutavam. Isto é o que ela sabia. Isto é o que vocês devem saber, líderes. Se você está pregando o Evangelho de maneira correta, será um escândalo e, se você diminui o escândalo, não está mais pregando o Evangelho.

Em nossos dias, o Evangelho primitivo não é menos ofensivo, pois continua contradizendo cada dogma ou cada “ismo” presente em nossa cultura: relativismo, pluralismo e humanismo. Vamos analisar cada um desses “ismos”.

Nós vivemos em uma era de Relativismo, um sistema de crença que se baseia na certeza absoluta de que não existem certezas absolutas. Nós hipocritamente aplaudimos os homens por buscarem a verdade, mas pedimos a execução pública de qualquer homem que acredite tê-la encontrado. Nós vivemos em uma era de Obscurantismo auto imposto. Por quê? As razões são claras. O homem natural é uma criatura caída, é moralmente corrupto e está empenhado em ter autonomia, isto é, em governar a si mesmo. Ele odeia a Deus porque Deus é justo, ele odeia as leis de Deus, pois ela o censuram e restringem a sua malignidade. Ele odeia a verdade, pois ela expõe quem ele é e aflige o que lhe restou de consciência.

O homem caído busca empurrar a verdade — especialmente a verdade sobre Deus — para o mais longe possível, para eliminá-la. Ele irá a qualquer extremo para suprimir a verdade, até mesmo ao ponto de entender que a verdade é algo que não existe; ou, se a verdade existe, não pode ser conhecida, ou não tem relevância alguma em nossas vidas. Perceba isto com respeito ao Evangelho: não é o caso de um Deus escondido, mas sim do homem que se esconde. O problema nunca é o intelecto, mas a vontade.

Eu não creio que a Bíblia dê algum espaço para o ateísmo. Há homens mentirosos e inimigos de Deus que empurram a verdade para fora de suas mentes, mas não ateus. “Porquanto, tendo conhecido a Deus” (Romanos 1:21). Veja, assim como um avestruz esconde a sua própria cabeça na areia para evitar um rinoceronte, o homem moderno nega a verdade do Deus justo e de moral absoluta, com a esperança de silenciar a sua própria consciência e arrancar da sua mente o juízo que sabe que virá.

O Evangelho Cristão é um escândalo para o homem envolvido com o Relativismo e para a sua cultura, porque o Evangelho Cristão faz exatamente o que o homem mais deseja evitar: desperta-o do adormecimento auto imposto para a realidade de sua natureza caída e rebelde, e o chama a rejeitar a autonomia e o autogoverno e se submeter a Deus através do arrependimento e fé em Jesus Cristo.

No próximo texto comentaremos sobre o Pluralismo.

Por Paul David Washer

O Marxismo odeia o Cristianismo. Por quê?‏

O marxismo autêntico sempre odiou e sempre odiará o cristianismo autêntico. Se não puder pervertê-lo, então terá que matá-lo. Sempre foi assim e sempre será assim.

E por que essa oposição manifestada ao cristianismo por parte do marxismo? Por que o ódio filosófico, a política anticristã, a ação assassina direcionada aos cristãos? Por que o país número um em perseguição ao cristianismo não é muçulmano e sim a comunista Coréia do Norte?

As pessoas se iludem quando pensam no marxismo como doutrina econômica ou política. Economia e política são meros pontos. Marx não acreditava ter apenas as resposta para os problemas econômicos. Acreditava ter todas as respostas para todos os problemas.

Marxismo na verdade é uma crença, uma visão de mundo, uma fé. O socialismo nada mais é do que a aplicação dessa fé por um governo totalitário. O comunismo, por sua vez, é apenas a escatologia marxista, o suposto mundo paradisíaco que brotaria de suas profecias.

E esta fé não apresenta o caráter relativista de um hinduísmo ou de um budismo. Tendo nascido dos pressupostos cristãos, o marxismo roubou seus absolutos e se apresenta como a verdade absoluta, como o único caminho para redenção da humanidade. E ainda que tenha se apossado dos pressupostos cristãos, inverteu tais pressupostos tornando-se uma heresia anticristã.

No lugar do teísmo o ateísmo, no lugar da Providência Divina o materialismo dialético. Ao invés de um ser criado à imagem e semelhança de Deus, um primata evoluído cuja essência é o trabalho, o homo economicus. O pecado é a propriedade privada, o efeito do pecado, simplesmente a opressão social. O instrumento coletivo para aplicar a redenção não é a Igreja, mas o proletariado, que através da ditadura de um Estado “redentor” conduziria o mundo a uma sociedade sem classes. E o resultado seria não os novos céus e a nova terra criados por Deus, mas o mundo comunista futuro, onde o Estado desaparecerá, as injustiças desaparecerão e todo conflito se transformará em harmonia. Está é a fé marxista, um evangelho que não admite rival, pois assim como dois corpos não ocupam o mesmo espaço, duas crenças igualmente salvadoras não podem ocupar o mesmo mundo, segundo o marxismo real.

Sim, o comunismo de Marx era um evangelho, a salvação para todos os conflitos da existência, fosse o conflito entre homem e homem, homem e natureza, nações e nações. Assim lemos em seus Manuscritos de Paris:

O comunismo é a abolição positiva da propriedade privada e por conseguinte da auto-alienação humana e, portanto, a reapropriação real da essência humana pelo e para o homem… É a solução genuína do antagonismo entre homem e natureza e entre homem e homem. Ele é a solução verdadeira da luta entre existência e essência, entre objetivação e auto-afirmação, entre liberdade e necessidade, entre indivíduo e espécie. É a solução do enigma da história e sabe que há de ser esta solução.

E como o marxismo nega qualquer transcendência, qualquer realidade além desta realidade, seu “paraíso” deve se realizar neste mundo por meio do controle total. Não apenas o controle político e econômico, mas o controle social, ideológico, religioso. Não pode haver rivais. Não pode haver cristãos dizendo que há um Deus nos céus a quem pertencem todas as coisas e que realizou a salvação através da morte e ressurreição de Cristo. Não pode haver outra visão de mundo que não a marxista, não pode haver outra redenção senão aquela que será trazida pelo comunismo. O choque é inevitável.

Está é a raiz do ódio marxista ao cristianismo. Seu absolutismo não permite concorrência. David H. Adeney foi alguém que viveu dentro da revolução maoísta (comunista) na China. Ele era um missionário britânico e pode ver bem de perto o choque entre marxismo e cristianismo no meio universitário, onde trabalhou. Chung Chi Pang, que prefaciou sua obra escreveu:

“(…) a fé cristã e o comunismo são ideologicamente incompatíveis. Assim, quando alguém chega a uma crise vital de decisão entre os dois, é inevitavelmente uma questão de um ou outro (…) [o autor] tem experimentado pessoalmente o que é viver sob um sistema político com uma filosofia básica diametralmente oposta à fé cristã”

Os marxistas convictos sabem da incompatibilidade entre sua crença e a fé cristã. Os cristãos ainda se iludem com uma possível amizade entre ambos. “… para Marx, de qualquer forma, a religião cristã é uma das mais imorais que há”. (Mclellan, op. Cit., p.54). E Lenin, que transformou a teoria marxista em política real, apenas seguiu seu guru:

“A guerra contra quaisquer cristãos é para nós lei inabalável. Não cremos em postulados eternos de moral, e haveremos de desmascarar o embuste. A moral comunista é sinônimo de luta pelo robustecimento da ditadura proletária”

Assim foi na China, na Rússia, na Coreia do Norte e onde quer que a fé marxista tenha chegado. Ela não tolerará o cristianismo, senão o suficiente para conquistar a hegemonia. Depois que a pena marxista apossar-se da espada, então essa espada se voltará contra qualquer pena que não reze conforme sua cartilha.

Os ataques aos valores cristãos em nosso país não são fruto de um acidente de percurso. É apenas o velho ódio marxista ao cristianismo, manifestando-se no terreno das ideias e das discussões, e avançando no terreno da legislação e do discurso. O próximo passo pode ser a violência física simples e pura. Os métodos podem ter mudado, mas sua natureza é a mesma e, portanto, as consequências serão as mesmas.

Se nós, cristãos, não fizermos nada, a história se repetirá, pois como alguém já disse, quem não conhece a história tende a repeti-la. E parece que mesmo quem a conhece tende a repeti-la quando foi sendo anestesiado pouco a pouco pelo monóxido de carbono marxista. Será que confirmaremos a máxima de Hegel, que afirmou que a “história ensina que não se aprende nada com ela”?

Escrito por Eguinaldo Hélio Souza.

Judeus rejeitam Jesus

Por que Jesus foi rejeitado pelos judeus (ou Hebreus)?

Os hebreus são conhecidos como israelitas ou judeus. Eles são os antepassados do povo judeu.

Quando Jesus estava na Terra, as multidões ficavam maravilhadas com o que ele dizia e com os seus milagres. Em resultado, muitos ‘depositaram fé nele’ e o aceitaram como o predito Messias, ou Cristo. Raciocinavam: “Quando o Cristo chegar, será que ele realizará mais sinais do que este homem realizou?” — João 7:31.

Embora houvesse fortes evidências que apoiavam a identidade de Jesus como o Messias, a maioria dos que o viram e ouviram não acreditou nele. Infelizmente, mesmo alguns que de início acreditaram mudaram de ideia mais tarde. Por que tantas pessoas rejeitaram Jesus como o Messias apesar de fortes evidências? Vejamos os motivos e, ao fazermos isso, pergunte-se: ‘Será que corro o risco de cometer o mesmo erro hoje?’

Jesus foi rejeitado porque as expectativas dos judeus não foram realizadas. Na época do nascimento de Jesus, muitos judeus esperavam que o Messias aparecesse. Os “que aguardavam o livramento de Jerusalém” pelo prometido Messias viram Jesus ainda criança quando ele foi levado ao templo. (Lucas 2:38) Mais tarde, muitos que observavam as obras de João Batista se perguntavam: “Será este o Cristo?” (Lucas 3:15) Mas o que os judeus do primeiro século esperavam que o Messias fizesse?

Em geral, os judeus daqueles dias acreditavam que o Messias viria, que os libertaria do opressivo jugo romano e restauraria o reino terrestre de Israel. Antes de Jesus iniciar seu ministério, surgiram vários líderes carismáticos que promoviam a oposição violenta contra o domínio político existente. As ações desses homens provavelmente influenciaram as expectativas das pessoas em relação ao Messias.

Jesus se contrastava nitidamente com esses falsos Messias. Ele não promovia a violência, mas ensinava seus ouvintes a amar seus inimigos e se sujeitar às autoridades. (Mateus 5:41-44) Ele não cedeu aos esforços das pessoas de o fazerem rei. Em vez disso, ensinou que seu reino ‘não fazia parte deste mundo’. (João 6:15; 18:36) Ainda assim, ideias preconcebidas a respeito do Messias exerciam uma poderosa influência sobre as pessoas.

João Batista viu e ouviu pessoalmente a milagrosa evidência da identidade de Jesus como o Filho de Deus. Mas quando estava na prisão ele enviou seus discípulos para perguntar a Jesus: “És tu Aquele Que Vem, ou devemos esperar alguém diferente?” (Mateus 11:3) Talvez João quisesse saber se Jesus era mesmo o prometido Libertador, que cumpriria as expectativas dos judeus.

Os apóstolos de Jesus acharam difícil entender que ele seria morto e depois ressuscitado. Certa vez, quando Jesus explicou que era necessário que o Messias sofresse e morresse, Pedro “tomou-o à parte e começou a censurá-lo”. (Marcos 8:31, 32) Pedro ainda não conseguia perceber qual era a ligação entre a morte de Jesus e seu papel como o Messias.

Pouco antes da Páscoa de 33 EC, ao entrar em Jerusalém, Jesus foi recebido por uma multidão entusiástica que o aclamou como Rei. (João 12:12, 13) Mas essa situação mudou rapidamente. Na mesma semana, ele foi preso e executado. Após sua morte, dois de seus discípulos lamentaram: “Nós esperávamos que este homem fosse o destinado a livrar Israel.” (Lucas 24:21) Mesmo quando o ressuscitado Jesus apareceu a seus discípulos, a ideia de que o Messias estabeleceria um reino terrestre ainda existia. Eles perguntaram: “Senhor, é neste tempo que restabeleces o reino a Israel?” Fica claro que expectativas incorretas a respeito do Messias estavam profundamente arraigadas no coração e na mente dos ouvintes de Jesus. — Atos 1:6.

Depois da ascensão de Jesus ao céu e do derramamento do espírito santo, seus discípulos entenderam claramente que o Messias governaria como Rei celestial. (Atos 2:1-4, 32-36) Os apóstolos Pedro e João pregaram com coragem a respeito da ressurreição de Jesus, e os milagres que eles realizaram forneceram evidências do apoio de Deus. (Atos 3:1-9, 13-15) Milhares de pessoas em Jerusalém aceitaram a mensagem e se tornaram cristãos. No entanto, as autoridades judaicas não gostaram disso. Assim como se opuseram a Jesus, elas passaram a se opor aos seus apóstolos e discípulos.

Por que os líderes religiosos judaicos rejeitaram Jesus tão veementemente? Jesus foi rejeitado por líderes religiosos. Quando Jesus veio à Terra, a maneira de pensar e as práticas religiosas dos judeus tinham se desviado muito do que era ensinado nas Escrituras inspiradas. Os líderes religiosos daquele tempo — saduceus, fariseus e escribas — davam mais importância a tradições de homens do que à Palavra escrita de Deus. Vez após vez, eles acusaram Jesus de violar a Lei por fazer curas milagrosas no sábado. Por contestar seus ensinos não bíblicos de forma enérgica, Jesus desafiou a autoridade e as afirmações deles de serem aprovados por Deus. Em contraste, Jesus vinha de uma família humilde e não tinha recebido uma educação religiosa formal como eles. Não é de admirar que fosse muito difícil para esses homens orgulhosos aceitá-lo como o Messias. Esses confrontos os deixaram tão furiosos que “realizaram uma consulta contra [Jesus], para que o pudessem destruir”. — Mateus 12:1-8, 14; 15:1-9.

Mas como os líderes religiosos conseguiriam fazer com que as pessoas não dessem importância aos milagres de Jesus? Eles não negavam que os milagres haviam ocorrido. Em vez disso, de modo blasfemo, tentavam enfraquecer a fé em Jesus por atribuir seu poder a Satanás. Eles diziam: “Este não expulsa os demônios senão por meio de Belzebu, o governante dos demônios.” — Mateus 12:24.

Havia outro forte motivo por trás da recusa obstinada deles de aceitar Jesus como o Messias. Depois de Jesus ressuscitar Lázaro, líderes de várias facções religiosas se consultaram e disseram: “Que devemos fazer, visto que este homem realiza muitos sinais? Se o deixarmos assim, todos depositarão fé nele, e virão os romanos e tirarão tanto o nosso lugar como a nossa nação.” Por medo de perder seu poder e posição, os líderes religiosos fizeram uma conspiração para matar Jesus e Lázaro. — João 11:45-53;12:9-11.

Jesus também sofreu preconceito e perseguição por parte dos judeus. A atitude dos líderes religiosos judaicos do primeiro século criou um ambiente hostil para qualquer um que aceitasse Jesus como o Messias. Orgulhando-se de sua alta posição, eles desprezavam qualquer pessoa que demonstrasse fé em Jesus, dizendo: “Será que um só dos governantes ou dos fariseus depositou fé nele?” (João 7:13, 48) Alguns líderes judaicos, como Nicodemos e José de Arimateia, se tornaram de fato discípulos de Jesus, mas, por medo, mantiveram isso em segredo. (João 3:1, 2; 12:42; 19:38, 39) Os líderes judaicos haviam decretado ‘que todo o que confessasse Jesus como Cristo fosse expulso da sinagoga’. (João 9:22) Uma pessoa nessa situação seria desprezada e excluída do convívio social.

Com o tempo, a oposição aos apóstolos e discípulos de Jesus se transformou em violenta perseguição. Por causa de sua pregação corajosa, os apóstolos sofreram às mãos do Sinédrio, a suprema corte judaica. (Atos 5:40) Os opositores acusaram falsamente o discípulo Estêvão de blasfêmia. Ele foi condenado pelo Sinédrio e apedrejado até a morte. Então, “levantou-se grande perseguição contra a congregação que estava em Jerusalém; todos, exceto os apóstolos, foram espalhados através das regiões da Judeia e de Samaria”. (Atos 6:8-14; 7:54–8:1) Saulo, que mais tarde se tornou o apóstolo Paulo, participou numa campanha de perseguição que era apoiada oficialmente pelo sumo sacerdote e pela “assembleia dos anciãos”. — Atos 9:1, 2;22:4, 5.

Mesmo sob essas circunstâncias difíceis, o cristianismo cresceu rapidamente nos anos após a morte de Jesus. Mas apesar de milhares terem se tornado cristãos, eles ainda eram a minoria na Palestina no primeiro século. Identificar-se publicamente como seguidor de Cristo podia gerar desprezo e até violência.

Como vimos, conceitos errados, pressão da comunidade e perseguição impediram muitos no primeiro século de exercer fé em Jesus. Hoje, ideias errôneas sobre Jesus e seus ensinos podem ter um efeito similar. Por exemplo, muitos aprenderam que o Reino de Deus está em seu coração ou que ele virá por meio de esforços humanos. Outros foram convencidos a procurar na ciência e na tecnologia a solução para os problemas da humanidade, eliminando assim a necessidade de exercer fé no Messias. Muitos críticos modernos afirmam que as coisas que aconteceram durante o ministério de Jesus, conforme registrado na Bíblia, não são fatos históricos. Dessa maneira, esses homens enfraquecem a fé em Jesus como o Messias.

O resultado dessas ideias e teorias é que muitos ficaram confusos quanto ao papel do Messias ou não veem necessidade de dar atenção a esse assunto. Mas, para os que querem examinar as evidências, na verdade há hoje mais provas de que Jesus é o Messias do que havia no primeiro século. Temos as Escrituras Hebraicas, que contém várias profecias sobre o que o Messias faria, e o registro nos quatro Evangelhos sobre o que Jesus fez para cumprir essas profecias.

Realmente, não faltam evidências para que cada um de nós possa fazer uma escolha ou tomar uma decisão consciente a respeito desse assunto. E fazer isso é urgente. Por quê? Porque a Bíblia diz que, como Rei messiânico do Reino de Deus, Jesus em breve removerá todos os que arruínam a Terra e trará um governo justo, que permitirá que todos os seus súditos obedientes vivam para sempre na Terra em condições paradísicas. (Daniel 2:44; Revelação [Apocalipse] 11:15, 18; 21:3-5) Você poderá ter esse futuro maravilhoso se fizer o esforço necessário para aprender sobre Jesus e demonstrar fé nele agora. Leve a sério as palavras do próprio Jesus: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna.” — João 3:16.

O cristão e o suicídio

Depois de ler o artigo intitulado “Ao Cometer Suicídio, o Cristão Perde a Salvação?” de autoria de Miguel Núñez, publicado na página do Ministério Fiel na internet, resolvi comentar o assunto, porém sob uma perspectiva e análise definitivamente bíblica. O grande reformador do século XVI, Martinho Lutero, trouxe a lume o que comumente chamamos de “os cinco pilares da reforma protestante,” que são também conhecidos como “os cinco solas da reforma protestante”. Esses pontos surgem com o propósito de se oporem ao pensamento, conduta e ensino da igreja romana da época. Os cinco Solas são: Soli Deo Gloria; Sola Fide; Sola Gratia; Sola Christus e Sola Scriptura. A palavra ‘Sola’ é uma palavra latina que significa “somente”. Quero porem, destacar aqui apenas o ponto conhecido como ‘Sola Scriptura,’ ou seja, somente a Escritura. Esse pilar da reforma protestante mostra que somente as Escrituras são a única regra de fé e prática para o crente. As tradições [humanas] as bulas e os escritos papais não têm, não podem ser ou mesmo servem de instrumento de fé e prática para o rebanho de Cristo, somente as Escrituras Sagradas. Elas foram escritas por homens inspirados por Deus, são instrumentos de revelação da vontade de Deus para nossa vida. Ao lê-la somos iluminados pelo Espírito Santo para entendê-la. Martinho Lutero escreve:

"Então, achei-me recém-nascido e no paraíso, toda as Escrituras tinham para mim outro aspecto, perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a justiça de Deus"

A Confissão de Fé de Westminster declara categoricamente a respeito da autoridade da Escritura Sagrada:

 A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou Igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu Autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a Palavra de Deus.

Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser logicamente e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na Palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comuns às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras da Palavra, que sempre devem ser observadas.

CRENÇA NA PALAVRA DE DEUS OU NO ARGUMENTO HUMANO?

Nós calvinistas reformados somos conhecidos pela defesa da Palavra genuinamente bíblica e da centralidade da Escritura como sendo ela a autoridade máxima em matéria de fé. Temos pregado, ensinado e exortado através da Palavra de Deus, que aqueles que foram chamados por Cristo segundo o Seu decreto, devem viver em conformidade às Sagradas Escrituras e não segundo o testemunho de homens que são guiados por ventos de doutrina: “Se admitimos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior [...]. Outra razão ainda temos nós para, incessantemente dar graças a Deus: é que, tende vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como Palavra de Homens e sim como em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes.” (1Jo 5.9ª; 1Ts 2.13)

A VERDADEIRA CONVICÇÃO DE FÉ NÃO PROCEDE DO CONHECIMENTO NATURAL DE MUNDO, MAS DA REVELAÇÃO E ILUMINAÇÃO PROVENIENTES DE DEUS

Independente da cultura, da religião ou do meio em que vivemos, todo o conhecimento adquirida ao longo dos anos, tem sido transmitido aos seres humanos pela experiência e pela visão de mundo, de geração a geração, pelos antepassados (pais, avós etc.). O momento da descoberta da vida, da assimilação e compreensão dos valores morais, éticos e até mesmo espirituais pela percepção da lógica humana deram-se no instante em que ouve a transmissão de dados e informações que permitiram ao ser humano registrá-los na memória e em seu sub consciente, e assim, o homem tornou-se capaz de decidir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. A linguagem é tão fundamental para o ser humano que pode até mesmo defini-lo. Através da linguagem o homem expressa o mundo e se expressa no mundo. Além disso, todas as produções e ações humanas não poderiam ser registradas ou mesmo compartilhadas se a linguagem, de certo modo, não as objetivasse, seja através de proferimentos, sentenças, gestos, hábitos ou quaisquer outras manifestações expressivas. As ações, intenções, crenças e o que define o ser humano em suas convicções, é o reflexo de tudo aquilo que ele aprendeu durante a vida, inclusive aquilo que ele provavelmente chama de fé.

As respostas que damos ao mundo sobre Deus, não podem ter sua origem unicamente no ponto de vista do mundo, nem tão pouco proceder do conhecimento natural do homem, mas do conhecimento revelado por Deus a nós pela Escritura Sagrada mediante a iluminação do Espírito Santo. Ou cremos na suficiência da Bíblia para responder os questionamentos do mundo sobre Deus, ou rejeitamos esta revelação e partimos do pressuposto que o homem natural é suficientemente capaz de interpretar sozinho (sem a Bíblia) as questões espirituais mais conflitantes da alma. Lembremos o que o apóstolo Paulo nos ensina sobre a capacidade do homem natural: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entende-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Co 2.14).

Diz Berkhof:

A consciência religiosa do homem substituiu a Palavra de Deus como a fonte da teologia. A fé na Escritura como autorizada revelação de Deus foi desacreditada, e a compreensão humana, baseada na apreensão emocional ou racional do homem, tornou-se o padrão do pensamento religioso. A religião gradativamente tomou o lugar de Deus como objeto da teologia. O homem deixou de ser ou de reconhecer o conhecimento de Deus como algo que lhe foi dado na Escritura e começou a orgulhar-se de ter a Deus como seu objeto de pesquisa. No curso do tempo tornou-se comum falar do descobrimento de Deus feito pelo homem, como se o homem alguma vez o tivesse descoberto; e toda descoberta feita nesse processo foi dignificada com o nome de “revelação”.

Quando Pedro diz: “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15), ele tinha em mente, exatamente a fonte do verdadeiro conhecimento – “Jesus Cristo”. Como alguém pode testificar da esperança, confiança e fé em Deus, sem que antes tenha bebido da fonte da verdade e da vida? A fonte da nossa fé é que determina o quanto ela é falsa ou verdadeira. Se a fé que alguém professa está apoiada em sabedoria humana, vale a pena lembrar a advertência que o apóstolo Paulo dá a igreja de Colossos contra falsos ensinos: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Cl 2.8). Cristo é a fonte da verdadeira fé.

Portanto, a fé não é produto do meio em que vivemos, nem é produzida por vontade humana, mas é fruto da graça sobrenatural de Deus, dada aos homens não por méritos, mas por graça para a salvação pela obra do Espírito de Cristo operada pelo ministério da Palavra. Bem assim nos diz a Confissão de Fé de Westminster:

A graça da fé, por meio da qual os eleitos são habilitados a crer para a salvação da sua alma, é obra que o Espírito de Cristo faz no coração deles, e é ordinariamente operada pelo ministério da Palavra [...].

Até aqui, para uma melhor compreensão, falamos a respeito da centralidade da Palavra de Deus a qual tem sobre nós exclusiva autoridade em matéria de fé. O que implica dizer que para expressar qualquer doutrina em relação a fé genuinamente cristã é necessário que esta mesma fé não seja superficial, baseada em tradições humanas, mas unicamente alicerçada na revelação suprema de Deus aos homens - Sua Palavra inspirada: “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2Tm 3.16)

O PONTO DE VISTA DA CRENÇA DO PECADO DO SUICÍDIO É HUMANO OU BÍBLICO?

Um dos pontos abordados pelo argumento de Núñez no início de seu artigo é a comparação pejorativa que ele faz entre a “crença Católica” no pecado do suicídio e a relação dessa doutrina com o cristianismo em geral e que justificaria, segunde ele, a crença da maioria dos cristãos na mesma doutrina. Diz Núñez:

“Aqueles de nós que crescemos no catolicismo sempre ouvimos que o suicídio é um pecado mortal que irremediavelmente envia a pessoa para o inferno. Para muitos que têm crescido com essa posição, é impossível despojar-se dessa ideia.”

Núñez não fala do ponto de vista bíblico como fonte segura da doutrina do pecado do suicídio; na verdade ele diz desconhecer qualquer argumento extraído dessa fonte, e, parece desconsiderá-la usando como argumento principal a religião Católica como sendo o único fundamento da doutrina. Sabemos que não somente na igreja Católica, mas também em outras religiões, encontramos pontos de concordância e discordância quanto aos aspectos relevantes a fé cristã. Em se tratando do catolicismo e protestantismo, [...] convém lembrar o que é mais importante: os seus pontos de concordância. Esses pontos podem resumir-se dizendo que católicos e protestantes aceitam os símbolos de Fé conhecidos por “Credo de Nicéia” e “Constantinopla” (381 A.D.) e o “Credo dos Apóstolos” (também do século IV). Alguns grupos protestantes nunca recitam qualquer Credo, mais por falta de hábito no uso de textos litúrgicos que por razões doutrinárias. Mas as doutrinas nestes dois Credos enunciados são de fundamento bíblico. Nem se põe nenhum problema aos evangélicos relativamente à expressão “Credo na Igreja, una, santa, católica e apostólica”. A cultura mais elementar sabe que “católica” é a Igreja Universal, composta de todos os que professam a fé em Jesus Cristo, o Senhor. Assim, visto que aqueles dois Credos encerram os princípios essenciais do Cristianismo, podemos dizer serem enormes os pontos de concordância entre o Católicismo e o Protestantismo. Não negamos é claro, os incontestáveis pontos contraditórios entre estas duas expressões da fé cristã. Segue um breve resumo de algumas das mais importantes diferenças: a instituição do culto aos santos em 375; a instituição do culto a Maria à partir do Concílio de Éfeso, cidade em que a divindade feminina pagã, Diana dos Efésios, era adorada, em 431; a doutrina do purgatório em 503; a adoração a imagens e relíquias em 783; a criação do rosário em 1090; e a proibição da leitura da Bíblia em 1229.12 A questão principal não são as divergências, mas os pontos de concordância. Infelizmente o que Núñez quis fazer, foi tentar desacreditar a doutrina do pecado do suicídio, levando seus leitores a ponderar apenas o lado negativo das divergências existentes entre católicos e protestantes. Na realidade, o fundamental não é o ponto de vista religioso desta ou daquela religião, mas sim, o ponto de vista Bíblico. Falando sobre a maravilhosa oportunidade que cada um de nós tem de descobrir na Bíblia o seu verdadeiro significado sem a influência do meio, Antônio Renato Gusso diz:

[...] É uma atitude sadia, dando a cada um a oportunidade de descobrir qual é a verdade de Deus para o seu povo, sem o perigo de ser influenciado nessa descoberta por pessoas mal intencionadas, que procuram impor o seu próprio ponto de vista, com a intenção de prender seus seguidores sob esta ou aquela doutrina humana, apresentada com uma roupagem aparentemente divina. Essa liberdade, contudo, não nos dá o direito de interpretá-la da maneira que quisermos ou que mais agrade. Como não queremos ver a Bíblia sendo usada para este ou aquele interesse, nós também não podemos usá-la conforme os nossos interesses.

O HOMEM NATURAL E O PODER DO PECADO SOBRE ELE

A relevância da questão, se o cristão perde ou não a salvação quando comete suicídio, não se encontra nos argumentos humanos, nos achismos, nas conjecturações, e sim, na fidedigna Palavra de Deus. A pergunta que se deve fazer é: O que a Bíblia diz de fato? Mas antes de responder a esta pergunta, para uma melhor compreensão, devemos responder a outra: Quem é o homem natural?

A doutrina da Depravação Total ensina que o homem é escravo de Satanás e morto em seus delitos e pecados. É incapaz de pela sua própria vontade orientar-se na direção da sua própria salvação. Somente Deus pode operar o milagre da regeneração para que o homem possa crer em Cristo.14 Mais nem sempre foi assim: Deus criou o homem, macho e fêmea, conforme a sua própria imagem, em conhecimento, retidão e santidade, com domínio sobre as criaturas. A natureza do homem criado por Deus era perfeita em todos os sentidos, principalmente porque o Senhor dotou a vontade do homem de liberdade a qual comumente chamamos de "Livre-Arbítrio". Foi exatamente com este "livre-arbítrio" que o homem decidiu pela desobediência, escolhendo perder todos os privilégios de um homem livre para se tornar escravo do pecado.

A Bíblia fala de duas classes distintas de homens, os regenerados e os não-regenerados. Os não-regenerados são aqueles cuja natureza caída é naturalmente corrompida pelo mal e cujo desejo é escravo do pecado. Diz a Escritura: “Ele vos deu vida,estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2.1) A expressão “morto em pecado” refere-se à vontade naturalmente corrompida do não-regenerado. [...] É esta vontade, portanto, que é restaurada pelo Espírito Santo na nossa conversão. O Espírito Santo implanta nela um novo princípio de vida espiritual e santidade. [...] Assim pois, uma tal obra do Espírito Santo em nossas vontades é necessária para que sejam curadas e se lhes extirpe a corrupção. A vontade deve ser libertada do estado de morte espiritual para ser capacitada a viver para Deus; deve ser renovada e submetida a um novo princípio governante de fé e obediência.

O homem está sujeito a obedecer incondicionalmente ao pecado que o escraviza; é incapaz de responder positivamente a Deus por sua própria vontade; não aceita e tão pouco pode entender as coisas do Espírito de Deus. O conhecimento que dizem ter de Deus é superficial: “porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1.21,22). Esse mesmo homem natural é capaz de dar cabo à própria vida sem titubear um só instante: “E por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia” (Rm 1.28-31).

O Breve Catecismo diz:

Todo o gênero humano, pela sua queda, perdeu a comunhão com Deus, está debaixo de sua ira e maldição, e assim ficou sujeito a todas as misérias nesta vida, à própria morte e às penas do Inferno para sempre.

OS REGENERADOS EM CRISTO ESTÃO SUJEITOS AO PODER DO PECADO?

Deus pela sua graça alcança e regenera o pecador perdido. A graça de Deus não pode ser obstruída. Sua graça é irresistível. Esse é o dom da vida eterna, a regeneração. Todos os mortos (alienados de Deus) longe da presença de Deus, são levados a Satanás, o deus dos mortos. Todos os espíritos vivos (regenerados) são guiados irresistivelmente para Deus, o Deus da Vida. E Deus por sua própria vontade entrega o Espírito da vida a seus eleitos. Agindo Deus nos seus eleitos há uma reversão de polaridade espiritual; mortos (em delitos e pecados) para vivificados (em Cristo) e então direcionados para o Criador.19“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim” (Jo 6.44,45).

Diz ainda a Confissão de Fé de Westminster:

Todos aqueles a quem Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido chamar eficazmente pela sua Palavra e pelo seu Espírito, no tempo por ele determinado e aceito, tirando-os daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza para a graça e salvação, em Jesus Cristo. Isso ele faz iluminando o entendimento deles, espiritual e salvificamente, a fim de compreenderem as coisas de Deus, tirando-lhes o coração de pedra e dando-lhes um coração de carne, renovando as suas vontades e determinando-as, pela sua onipotência, para aquilo que é bom, e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela graça.

Com a regeneração, os cristãos são libertos do poder do pecado, ou seja, o pecado não tem mais domínio sobre eles. O homem natural continua escravo do pecado, mas o homem regenerado é nova criatura. Tudo isso é obra do Espírito Santo. Ele nos traz à vida; nós que estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Dá-nos um novo coração e põe em nós um novo espírito. Escreve a Sua lei em nossos corações para que possamos conhecer e executar a Sua vontade e assim andar em Seus caminhos. É ele quem opera em nós o querer e o efetuar da Sua boa vontade. Quem transforma os outrora mal dispostos e obstinados em solícitos e obedientes, e isso pela livre escolha e vontade deles mesmos. Desse modo implanta em nossos corações um prevalecente amor de Deus, que faz as nossas almas se apegarem a Ele e aos Seus caminhos com gozo e satisfação. Por sua própria natureza o coração é depravado de tal forma que a mente e a vontade buscam atender à concupiscência que nele há. Mas o Espírito Santo circuncida o coração com a sua lascívia e desejos, e enche-nos de amor santo e espiritual, alegria, temor e gozo. O Espírito Santo não modifica a essência de nossos desejos mas santifica-os e guia-os com Sua luz salvadora e com o Seu conhecimento. Assim Ele associa os desejos ao seu objetivo apropriado que é Cristo.

A regeneração é a disposição que a pessoa tem, em Cristo, para viver uma nova vida. A partir da regeneração a pessoa passa a desejar o que é bom e justo [...] O toque regenerador do Espírito Santo leva a pessoa à conversão: “Conversão é o resultado da ação do Espírito Santo que leva o pecador a arrepender-se de seus pecados e a crer em Cristo como Salvador e Senhor”.É impossível que um verdadeiro cristão viva a pecar, porque: “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele [...]. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca” (Rm 8.9; 1Jo 5.18).

Os regenerados em Cristo não estão sujeitos ao poder do pecado como escravos dele, mas podem ser influenciados a pecar por causa dos pensamentos e desejos que ainda lhe são comuns. Muitos podem pensar que, uma vez que uma pessoa se torna crente, ela nunca mais luta contra o pecado, nem peca. É verdade que aquilo que é nascido no crente não pode pecar e nunca vai pecar (I Jo. 3.9; 5.18). O que nasce é a natureza divina no crente. A natureza divina no crente não pode pecar, mas o crente pode. Também é verdade que aquele nascido de Deus não vive dominado pelo pecado. Mesmo ele caindo, levanta (Pv. 24.16). O pecado que o crente tem é ligado a ele por ele viver no mundo (I Jo. 2.16) e ter o pecado ainda nos seus membros (Rm. 7.23). Enquanto o crente for carne, terá o problema do pecado (“... o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” Mt 26.41). Se não houvesse a possibilidade do crente ser influenciado pelo pecado, Davi não teria orado: “Expurga-me tu dos que me são ocultos.” (Sl. 19.12; 119.133) e nem teria dito: “O meu pecado está sempre diante de mim” (Sl. 51.3). Jesus também não teria orado ao Pai que “os livres do mal” (Jo. 17.15). Paulo travava uma luta constante contra o seu pecado o que o fez lamentar: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm. 7.24).

É fato bíblico que o crente peca (Pv. 20.9; 24.16; Ec. 7.20), pois, ele é enfraquecido pela carne (“O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3.6). Tanto a realidade da presença do pecado na vida do crente quanto à nova natureza são vistas claramente na doutrina da santificação que envolve a correção de Deus (Hb. 12.5-13). Se não houvesse pecado na vida do crente, nunca haveria a correção. Se alguém que se acha crente, não conhece a mão pesada de Deus que corrige seus filhos levando-os a serem “participantes da Sua santidade” (Hb. 12.10), esse tal não tem razão nenhuma de se achar salvo. Mesmo havendo a capacidade de pecar, o crente é responsável por não pecar (“sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver”; “estas coisas vos escrevo para que não pequeis” 1Pe 1.15; 1Jo 2.1). A possibilidade de pecar nunca é uma razão para se desculpar a ação do pecado, mas uma forte razão para vigiar (Mt. 26.41) para que não entremos em tentação. Quem está salvo tem uma nova natureza feita por Deus em Cristo que luta contra o pecado (“e estes opõem-se um ao outro”; “que batalha contra a lei do meu entendimento” Gl 5.17; Rm 7.23). Antes de ser Cristão, o salvo não tinha forças nenhuma para dominar o pecado (Rm. 8.8). Em Cristo, o Cristão tem o que é necessário para dominar o pecado (Mt. 26.41; Fp. 4.13; I Jo. 4.4). Quando o crente peca, ele não cessa de ser filho de Deus (Rm 8.14-17); não perde a vida eterna (Jo 3.16); não perde a presença do Espírito Santo (Sl 139.7); não se torna desqualificado para ir para o céu (Cl 1.12,13).

Os regenerados podem mostrar-se relapsos e cair em pecado. Quando isso ocorre, eles se opõem à sua nova natureza e o Espírito Santo os convence do seu pecado (cf. Jo 16.8) e os compele a arrepender-se e a serem restaurados à sua condição de justificados. Quando os crentes regenerados mostram o desejo humilde e grato de agradar a Deus, que os salvou, o reconhecimento de que Deus se comprometeu a guarda-los salvos para sempre aumenta esse desejo.

MESMO DEPOIS DE TER SIDO REGENERADO, SALVO E JUSTIFICADO POR CRISTO, O CRENTE PODE COMETER O PECADO DO SUICÍDIO?

Vamos levar em conta as seguintes perguntas: o que é, e o que leva uma pessoa a cometer suicídio? Suicídio é o ato de tirar a própria vida intencionalmente [...]. O suicídio e os comportamentos suicidas normalmente ocorrem com: Transtorno de personalidade limítrofe, depressão, dependência de drogas ou álcool. As pessoas que cometem suicídio normalmente estão tentando fugir de uma situação de vida que lhes parece impossível de enfrentar. Muitas pessoas que tentam suicídio estão buscando alívio por: sentirem-se envergonhadas, culpadas ou por serem um peso para os demais; sentirem-se vítimas; sentimentos de rejeição, perda ou solidão. Os comportamentos suicidas podem ser causados por uma situação ou acontecimento que a pessoa encara como devastadora, por exemplo: envelhecimento (os idosos têm a maior taxa de suicídios); a morte de uma pessoa querida; dependência de drogas ou álcool; trauma emocional; doença física grave; desemprego ou problemas financeiros [...]. A maioria das tentativas de suicídio não resulta em morte. Muitas dessas tentativas são feitas de forma que o resgate seja possível. [...] Algumas pessoas tentam o suicídio de forma não violenta, como envenenamento ou overdose. Os homens, principalmente idosos, têm mais probabilidade de escolher métodos violentos, como atirar em si mesmos. Como resultado, as tentativas de suicídio de homens têm mais chances de resultar em morte. Os parentes de pessoas que tentam ou cometem suicídio, muitas vezes se culpam ou ficam furiosos. Eles podem ver a tentativa de suicídio como egoísta. No entanto as pessoas que tentam cometer suicídio em geral acreditam erroneamente que, ao deixar o mundo, estão fazendo um favor a seus amigos e parentes. Muitas vezes, mas não sempre, uma pessoa pode apresentar determinados sintomas ou comportamentos antes de uma tentativa de suicídio, incluindo: a) Dificuldade para se concentrar ou pensar claramente; b) Doar seus pertences; c) Falar sobre ir embora ou sobre a necessidade de “organizar minhas coisas”; d) Mudança repentina de comportamento, principalmente estando calmo após um período de ansiedade; e) Perda de interesse em atividades que costumava se divertir; f) Comportamentos autodestrutivos, como beber muito álcool, usar drogas ilegais ou cortar o próprio corpo; g) Afastar-se dos amigos ou não querer sair; h) Repentinamente, começar a ter problemas na escola ou no trabalho; i) Falar sobre morte ou suicídio, ou mesmo dizer que quer se ferir; j) Dizer que se sente desolado ou culpado; l) Mudança nos hábitos de sono ou de alimentação.

Em suma, o suicida é uma pessoa totalmente alheia e mentalmente indisposta a responder positivamente à vida. O suicida é incapaz de procurar em Deus a paz e o refrigério que emana da graça divina. O crente, apesar da possibilidade de cair em pecado, das tentações de Satanás e do mundo, e ainda que possa passar pela pior tribulação ou sofrimento, repousa seguro nas promessa do Senhor: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1Co 10.13). O verdadeiro cristão pode até imaginar que a morte seja verdadeiramente um descanso para a alma sofredora, e de fato é, mas nunca desejar a morte através do suicídio: “Porque não queremos irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos; o qual nos livrou e livrará de tão grande morte; em quem temos esperado que ainda continuará a livrar-nos...” 2Co1.8-10). O regenerado não pode cair totalmente (viver na prática do pecado) e nem finalmente (sucumbir à morte sem Cristo) do estado de graça em que se encontra, porque Deus o guarda na segurança da salvação. Diz a Confissão de Fé de Westminster:

Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, não podem cair do estado de graça, nem total nem finalmente; mas com toda a certeza hão de perseverar nesse estado até o fim, e estarão eternamente salvos.

De todos os pecados que o homem pode cometer contra si mesmo e contra a Santidade de Deus, o único que nega veemente a eficácia da operação do Senhor através do Espírito Santo, o qual tem por missão convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (Rm 16.8), é o pecado do suicídio. O suicídio é a forma mais cruel de alguém dizer adeus. Não há chance para apelação ou reconsideração. O suicídio é uma declaração pública de protesto contra a vida, contra pessoas, contra situações e contra Deus.27 Acima de tudo, o suicídio é o grito da alma contra a operação regeneradora e salvadora do Espírito Santo de Deus. É a crença na paz, no alívio da dor e do sofrimento através de um ato pessoal, agindo contra si mesmo ao invés de crer que Deus é capaz de suprir todos os anseios da alma. O suicídio não é o grito desesperado de uma alma sofredora, mais sim, o reflexo de uma alma inconversa, perdida, vazia, sem esperança, sem fé, sem Deus, sem vida e condenada à morte eterna:“Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno” (Mc 3.28,29).

A Bíblia fala do pecado imperdoável. Um pecado que não será perdoado, nem neste mundo nem no vindouro. É registrado pelos três Evangelhos Sinóticos (Mt 12.31,32; Mc 3.28-30; Lc 12.10). [...]. Como a Bíblia ensina, Deus perdoou pecados de incesto, assassinatos, mentira e, mesmo, os pecados de Paulo como perseguidor da Igreja, pecados que Paulo cometeu quando respirava "ameaças e morte contra os discípulos do Senhor (At 9.1). O que torna diferente dos outros o pecado imperdoável é a relação com o Espírito Santo. A obra do Espírito Santo é iluminar a mente dos pecadores (Ef 1.17,18), revelar e ensinar o evangelho (Jo 14.26), persuadir as almas a arrepender-se e a crer na verdade (cf. At 7.51). O Espírito não só explica a Palavra de Deus, mas também abre a mente de modo que ela possa ser entendida (2Co 3.16,17) [o Espírito Santo é quem nos faz entender por exemplo, que Deus nos dá verdadeira paz mesmo em meio a grandes tribulações: "Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador..."(Is 43.2,3). Está é apenas uma das inúmeras promessas de Deus concernente ao seu cuidado para conosco espalhadas por toda a Bíblia. Negar esta revelação é nunca ter tido uma verdadeira experiência de conversão]. Quando a influência do Espírito é deliberadamente e conscientemente recusada, em oposição à luz, então o pecado irreversível pode ser cometido como um ato voluntário e deliberado [...]. Em resposta a essa atitude, há um endurecimento do coração, vindo da parte de Deus, que impede o arrependimento e a fé (Hb 3.12,13). Qualquer pessoa que nasceu de novo não cometerá esse pecado, porque o Espírito vive nela e Deus não está dividido contra si mesmo (1Jo 3.9). Os outros versículos que tratam do pecado imperdoável são: Hb 6.4-6; 10.26-29; 1Jo 5.16,17. Esses versículos mostram que a possibilidade de esse pecado ser cometido depende de ter havido iluminação e entendimento específico da parte de Deus [...].

Portanto, a questão não é nivelar o pecado do suicídio no mesmo sentido de um pecado sujeito ao perdão de Deus, o suicídio é o pecado imperdoável, porque quem tira a sua própria vida, definitivamente não crê em Deus e muito menos na operação do Espírito Santo sobre ele. A Bíblia fala dos que morreram em Cristo (1Ts 4.16), não dos que se mataram em Cristo, ou por Cristo, ou ainda sem Cristo. Para os que dão cabo a própria vida, tudo é motivo para fazê-lo, mas o cristão verdadeiro, apesar das circunstâncias e adversidades sabe: "...que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós" (Rm 8.18), e ainda: "Quem nos separará do amor de Cristo? será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? [...] Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 8.35,37-39). Por que o cristão desejaria se matar, se o próprio Senhor Jesus Cristo prometeu paz, alertou sobre as aflições desta vida e orientou-nos a ter bom animo? "Estas coisas tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom animo; eu venci o mundo" (Jo 16.33). O verdadeiro salvo não se suicida; ele foi salvo da morte e não para a morte: "quem tem o filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida" (1Jo 5.12).

Os suicidas fazem parte daquele grupo denominado não-eleitos; independentes de quem sejam: pessoas comuns, pastores, filhos de pastores, sacerdotes, crentes e os assim nominalmente denominados cristãos. Ainda que tenham sido chamados pelo ministério da Palavra e tenham um certo conhecimento de Deus, e mesmo tendo vivenciado experiências pelo Espírito, não serão em tempo nem por meio algum salvos: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mt 7.22,23). A

Confissão de Fé de Westminster diz:

Os não-eleitos, ainda que sejam chamados pelo ministério da Palavra e tenham algumas das operações comuns do Espírito, contudo jamais chegam a Cristo e, portanto, não podem ser salvos; muito menos poderão ser salvos por qualquer outro meio [...], por mais diligentes que sejam em conformar sua vida de acordo com a luz da natureza e com a lei da religião que professam; asseverar e manter que o podem, é muito pernicioso e detestável.29

A BÍBLIA TEM ARGUMENTOS SUFICIENTES PARA TRATAR O ASSUNTO DO PECADO DO SUICÍDIO OU NÃO EXISTE NENHUMA POSSIBILIDADE DE ARGUMENTAÇÃO BÍBLICA?

Os pontos que Miguel Núñez descreve para provar uma suposta possibilidade de o cristão cometer suicídio são claramente refutados pela Sagrada Escritura, apesar do próprio Núñez dizer que:

“[...] alguns afirmam que um cristão jamais cometerá suicídio. No entanto, não existe nenhum versículo ou passagem bíblica que possa ser usado para categoricamente afirmar essa posição.”

Pelo visto Núñez não está familiarizado, por exemplo, com 1 Coríntios 3.16.17: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado”. Não resta a mínima dúvida de que o santuário diz respeito ao nosso próprio corpo. Imaginemos agora, as muitas formas de destruir este santuário. O suicídio é uma delas.

Primeiro ponto argumentado por Núñes: “Se estabelecemos que o cristão é capaz de cometer qualquer pecado, por que não conceber que potencialmente ele poderá cometer o pecado do suicídio?”

Resposta: O cristão é capaz de cometer qualquer pecado, menos o pecado imperdoável. A diferença é que como nova criatura em Cristo, ele pode rejeitar o pecado, e mesmo que venha a praticá-lo a sua consciência está cativa à Cristo e não mais escrava ao pecado para satisfazer a sua vontade. João escreve: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 Jo 2.1). O verdadeiro cristão não comete o pecado do suicídio porque quem se suicida não crê na operação redentora de Cristo através do Espírito de Deus, portanto este é o pecado imperdoável de Marcos 3.28 e 29.

Segundo ponto da argumentação de Núñez: “Se estabelecemos que o sangue de Cristo é capaz de perdoar todo pecado, ele não cobriria esse outro pecado?” (referência à possibilidade do cristão cometer o pecado do suicídio).

Resposta: Jesus morreu somente pelos eleitos, ou seja, para perdoar somente os pecados deles: “[...] Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo”31 “Eles saíram de nosso meio; entretanto não eram dos nossos; porque se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1Jo 2.19). Os sintomas mais característicos de um suicida é a repulsa pela vida e a falta de fé em tudo, principalmente em Deus. A Bíblia ensina que: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus...” (Hb 11.6a). Ainda: “Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1Jo 5.12). O suicídio é falta de fé, e se não há fé não há operação do Espírito de Deus porque a fé é dom exclusivo de Deus: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8)

Terceiro ponto da argumentação de Núñez: “Se o sacrifício na cruz nos tornou perfeitos para sempre, como diz o autor de Hebreus (7.28; 10.14), não seria isso suficiente para afirmarmos que nenhum pecado rouba a nossa salvação?”

Resposta: A Palavra de Deus não diz, como afirma Núñes, que o sacrifício da cruz nos tornou perfeitos em Hebreus 7.28, mas diz que: “... a palavra do juramento, que foi posterior à lei, constituíu o Filho, perfeito para sempre” (referência à Jesus Cristo, o Filho de Deus – ele sim é perfeito). Já em Hebreus 10.14, a Palavra diz que: “... aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Não fala que nos tornou perfeitos, mas que nos aperfeiçoou, ou seja, nos tornou um pouco melhores do que somos, enquanto crescemos no processo da santificação). Lembrando mais uma vez: a salvação é apenas para os eleitos: “... eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo...” (1Pe 1.2). Estes eleitos não são escolhidos após uma profissão de fé ou no levantar de uma das mãos em resposta a um apelo emocional, ou mesmo por livre vontade humana, mas eleitos ‘antes da fundação do mundo’: “... assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele...” (Ef 1.4). O único pecado que não leva o homem à salvação, continua sendo o pecado imperdoável, esta é a blasfêmia contra o Espírito Santo (conf. Marcos 3.28,29). A Bíblia ensina que o homem não é capaz de produzir fé verdadeira a partir de si mesmo; é necessário uma operação sobrenatural do Espírito Santo sobre ele convencendo-o do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). Esse mesmo Espírito é que transforma a Palavra de Deus em vida e a coloca em nossos corações para que creiamos em o nome do Unigênito do Pai, Jesus Cristo: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10.17).

Quarto ponto da argumentação de Núñez: “Se até Moisés chegou a desejar que Deus lhe tirasse a vida, devido à pressão que o povo exerceu sobre ele, não poderia um paciente esquizofrênico ou na condição de depressão extrema, que não tenha a força de caráter de um Moisés, atentar contra a sua própria vida de maneira definitiva?”

Resposta: Um paciente esquizofrênico ou na condição de depressão extrema (um inconverso), com toda certeza pode atentar contra a sua própria vida e acabar com ela (suicidar-se). Porém Moisés (um homem temente a Deus), não desejou em momento algum suicidar-se, mas “desejou que Deus lhe tirasse a vida”. O cristão, por causa das lutas e tribulações pode até desejar morrer para estar com Cristo: “Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp 1.23), mas nunca desejar tirar sua própria vida para isso: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.21), ou seja, para o apóstolo Paulo, Cristo é sua razão de existir. Ao invés de desfazer a união que Paulo tem com Cristo, a morte vai introduzir Paulo em uma experiência mais profunda dessa união. Paulo deseja estar com Cristo, mas também deseja permanecer na terra por causa da igreja. Este é o dilema. Contudo, a decisão está nas mãos de Deus, e Paulo está confiante de que Deus tem mais trabalho para ele entre os filipenses.32 Moisés, por exemplo, não desejou suicidar-se por causa dos problemas. Assim como Jó, Elias e Jeremias, e tantos outros servos de Deus, todos passaram por grandes problemas a ponto de querer como Paulo estar com Cristo pela morte, e não pelo suicídio. Com relação ao suicidas a Palavra diz: “Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem [...]. Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do Diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele [...]. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo” (2Tm 2.19; 1Jo 3.10; Rm 8.9b; Ap 20.15).

Quinto ponto da argumentação de Núñes: “Se não somos Deus e não temos nenhuma maneira de medir a conversão interior do ser humano, poderíamos afirmar categoricamente que alguém que deu testemunho de cristão durante sua vida, ao cometer suicídio, realmente não era um cristão?”

Resposta: Na realidade não podemos saber se uma pessoa é verdadeiramente salva ou não. Esta afirmação cabe apenas, e individualmente a cada um: “Examine-se o homem a si mesmo...” (1Co 11.28a). Existe, é claro, indícios ou marcas que identificam um verdadeiro salvo, mas não é intenção tentar definir quem é ou quem não é, mesmo porque cada um dará conta de si mesmo a Deus no dia do juízo: “Vi também os mortos, os grandes e pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros” (Ap 20.12). Quanto aqueles que deram testemunho de cristão durante a vida e se suicidaram, diz a Palavra de Deus: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus...” (Mt 7.21).

Sexto ponto da argumentação de Núñes: “Baseados na história bíblica e na experiência do povo de Deus, poderíamos concluir que o suicídio entre os crentes provavelmente é uma ocorrência extraordinariamente rara, devido à ação do Espírito Santo e aos meios de graça presentes no corpo de Cristo.”

Resposta: O suicídio não faz, não fez e nunca fará parte da nova natureza do cristão: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andávamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos...” (Ef 2.1-6).

Sétimo ponto da argumentação de Núñes: “Pensamos que o suicídio é um pecado grave, porque atenta contra a vida humana. Mas já estabelecemos que um crente é capaz de eliminar a vida humana, como o fez Davi. Se eu posso fazer algo contra alguém, como não conceber que posso fazê-lo contra mim mesmo? Essa é a nossa posição.”

Resposta: Davi chegou ao ponto de tirar a vida de alguém, se arrependeu sinceramente e durante sua vida sofreu as amargas consequências desse erro; e, mesmo assim, por conta dessa culpa, não cometeu suicídio. Diz a Bíblia: “O homem bom cuida bem de si mesmo, mas o cruel prejudica o seu corpo” (Pv 11.27). Aquele que comete suicídio não tem direito de acabar com a vida que não lhe pertence: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6.19).

CONCLUSÃO:

Temos uma orientação muito importante de Deus pela Palavra: “... estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15b). Infelizmente, dói no coração saber que para muitos cristãos a Bíblia não é mais suficiente para ser usada como argumento contra as muitas heresias que vez por outra tentam minar a fé de alguém. A Palavra de Deus é clara nesse sentido: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15). A Escritura Sagrada é autoridade máxima em matéria de fé e é com ela que o cristão defende a sua. Não importam os argumentos humanos, o que importa é o que a Bíblia diz, ainda que o que ela diz não esteja claro, mais esteja subentendido, como é o caso das palavras Trindade, Missões, e tantas outras que não aparecem no texto Sagrado, mas a sua ideia está lá. O suicídio é uma declaração pública daquele que está perdido eternamente. Por não terem sido regenerados, salvos, justificados e santificados por meio da operação do Espírito Santo neles, os não-regenerados estão sujeitos as mais perversas manifestações de uma natureza humana sem Deus, inclusive o próprio suicídio.

Diz o Breve Catecismo:

O estado de pecado em que o homem caiu consiste na culpa do primeiro pecado de Adão, na falta de retidão original e na corrupção de toda a sua natureza, o que ordinariamente se chama pecado original, juntamente com todas as transgressões atuais que procedem dele. Todo gênero humano, pela sua queda, perdeu a comunhão com Deus, está debaixo de sua ira e maldição, e assim ficou sujeito a todas as misérias nesta vida, à própria morte e às penas do Inferno para sempre.33 Outra verdade que encontramos na Bíblia, é a de que todos nascemos perdidos e condenados ao inferno. Não nos tornamos pecadores. A única diferença é que: “[...] aprouve a Deus salvar os que Creem pela loucura da pregação” (1Co 1.21b). E a Bíblia ainda diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome” (Jo 1.12). Os que se tornaram novas criaturas não vivem na prática do mal: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1Jo 3.9). Porém, aqueles que não creram na operação redentora do Espírito de Deus sobre eles, perecerão eternamente nesta mesma confissão: “Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pecado eterno” (Mc 3.28,29). “Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para a morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para a morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue” (1Jo 5.16).

Por Rev. Gilberto de Souza

REFERÊNCIAS

[1] O Reverendo Gilberto de Souza é formado bacharel em Teologia pelo Centro Universitário da Grande Dourados – MS. Atua como pastor Auxiliar na Primeira Igreja Presbiteriana em Nilópolis – RJ.

[2,3,11,30,] NÚÑEZ, Miguel. Ao Cometer Suicídio, o Cristão Perde a Salvação? [Internet]. Disponível em: a href="http://www.ministeriofiel.com.br/">http://www.ministeriofiel.com.br>. Acesso em: 20 jan. 2014.

[4] Os Cinco Solas (apud BOYER, Orlando. Os Eróis da Fé, CPAD, Rio de Janeiro 2002). Os Cinco Solas da Reforma Protestante. [Internet]. Disponível em: a href="http://oscincosolas.blogspot.com.br/">http://oscincosolas.blogspot.com.br>. Acessado em: 21 jan. 2014.

[5,6,20,26,28,29,31] Confissão de Fé de Westminster/Assembleia de Westminster – 18. Ed. – São Paulo: Cultura Cristã, 2008 pág.19,21 Cap.I,II - Da Escritura Sagrada – IV,VI; pág.92,98 cap.X – Da Vocação Eficaz – I,IV; pág.135 cap.XVII - Da perseverança dos santos – I; pág.39 cap.III – Dos Eternos Decretos de Deus – VI.

[7] AZEVEDO, Vânia Dutra. Introdução à lógica. 2. Ed. – Ijuí: Ed. UNIJUÌ, 2000. – 243p. – (Coleção ensaios – política e filosofia). ISBN 85-85866-73-X.

[8] BERKHOF, LOUIS. Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. – 4ª Ed. Revisada_São Paulo: Cultura Cristã, 2012. 720p.; 16x23 cm. Tradução de Systematic Theology – ISBN 978-85-7622-462-4

[9] Confissão de Fé de Westminster/Assembleia de Westminster – 18. Ed. – São Paulo: Cultura Cristã, 2008 p.113 Cap.14 - Da Fé Salvadora – I.

[10] CARDOSO, Manuel Pedro. Catolicismo e Protestantismo, Qual a Diferença? Lisboa. s/data [Internet]. Disponível em: a href="http://www.igreja-presbiteriana.org/">http://www.igreja-presbiteriana.org>. Acesso em: 22 jan. 2014.

[12,22] Apostila: Curso para Catecúmenos. Igreja Presbiteriana do Brasil – Estudo 06: O Presbiterianismo – As Falsas Doutrinas na Igreja. Pág.12. Estudo 05: O Plano da Salvação – A regeneração. Pág.10.

[13] GUSSO, Antônio Renato, Como Entender a Bíblia – Orientações práticas para a interpretação correta das Escrituras Sagradas. / Antônio Renato Gusso – Curitiba: A.D.SANTOS EDITORA, 1998. 118p. – ISBN – 85-7459-027-4

[14,19] GONÇALVES, Paulo César. T.U.L.I.P Os Cinco Pontos do Calvinismo. [Internet]. Pág.3 Disponível em: a href="http://www.anpad.org.br/">http://www.anpad.org.br>. Acesso em: 25 jan. 2014.

[15,18] O Breve Catecismo / Assembleia de Westminster (1643 a 1652); [tradução Igreja Presbiteriana do Brasil]. – 2.ed. – São Paulo: Cultura Cristã, 2006 96p. Pergunta 10. pág.18; pergunta 20. Pág.25; perguntas 18 e 19. Pág. 23 e 24.

[16] SOUZA, Gilberto. A impossibilidade da Salvação por Méritos. Rio de Janeiro 2014. [Internet]. Disponível em: a href="http://areform.blogspot.com.br/">http://areform.blogspot.com.br>. Acesso em: 26 jan. 2014.

[17,21] OWEN, John. (2003, setembro 8). A regeneração. Revista Os puritanos, 03, ANO XI, pág. 10.

[23] GARDNER, Calvin. Micelânea O pecado na vida do crente. 09/2009. [Internet]. Disponível em: a href="http://www.palavraprudente.com.br/">http://www.palavraprudente.com.br>. Acesso em: 28 jan. 2014.

[24,32] Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. A perseverança dos santos. Pág.1331; 1413 (Comentário 1.21 e 23); 1152. [grifo meu]; 1413 (comentário 1.21 e 23)

[25] Minha Vida saúde, alimentação e bem estar. Suicídio. [Internet]. Disponível em: a href="http://www.minhavida.com.br/">http://www.minhavida.com.br>. Acesso em: 28 jan. 2014.

[27] (PARAIZO, Marcos Kopeska - Superando o luto - Quando vai passar? - Série "Superando as crises da vida" - Curutiba: A.D. SANTOS EDITORA, 2009, pág.17.

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A abolição da Lei

Eu lhes dou este novo mandamento: amem uns aos outros. Assim como eu os amei, amem também uns aos outros. (João 13:34)

Ainda devemos exercer as cerimônias e rituais da lei de Moisés ou Cristo revogou a lei pela aspersão do seu próprio sangue, em sacrifício vivo na cruz do Calvário? Eis a questão.

Vamos iniciar nosso estudo abordando a questão dos dízimos.

Os dicionários bíblicos assim definem o dízimo: A décima parte, tanto das colheitas como dos animais, que os israelitas ofereciam a Deus (Levítico 27.30-32 e Hebreus 7.1-10). O dízimo era usado para o sustento dos levitas (Números 18.21-2), dos estrangeiros, dos órfãos e das viúvas (Deuteronômio 14.29).

Por que a décima parte? Porque era uma questão pedagógica e matemática. Eram doze tribos descendentes de Jacó. Onze delas pagavam o dízimo para a tribo de Levi e cada uma ficava com nove partes. Levi recebia onze partes, mas ficava somente com nove, porque a décima parte era oferecida a Deus como dízimo dos dízimos e a outra parte ficava no tabernáculo à disposição dos órfãos, das viúvas e dos estrangeiros.

Na vigência da Lei de Moisés, o dízimo não era dinheiro (Deuteronômio 14.22-27), mas dez por cento das colheitas de grãos e de animais, e eram destinados a suprir os levitas que não tinham parte e nem herança na terra prometida.

Levita significa "descendente de Levi", que era um dos 12 filhos de Jacó. Os descendentes de Levi manifestaram a Moisés o interesse de servirem somente ao Senhor (Êx 32:26). Daí em diante, os levitas se tornaram ministros de Deus. Dentre eles, alguns eram sacerdotes (família de Aarão) e os outros, seus auxiliares. Seu serviço era cuidar do tabernáculo e de seus utensílios, inclusive carregando tudo isso durante a viagem pelo deserto (Números capítulos 3, 4, 8, 18).

No Novo Testamento o dízimo foi citado três vezes, vamos conhecer o porquê e em quais circunstâncias a Palavra se refere a essa ordenança da Lei.

A primeira vez que o dízimo foi citado no Novo Testamento (Mateus 23.23), Jesus censurou os escribas e fariseus, dizendo-lhes: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé. Deveis, porém, fazer estas coisas e não omitir aquelas.

Vamos buscar discernimento espiritual na Palavra para entendermos o porquê, naquela ocasião, Jesus recomendou a manutenção dessa ordenança da lei, dizendo: Deveis, porém, fazer estas coisas e não omitir aquelas.  

Assim afirmou Jesus porque era um judeu, nascido sob a lei (Gálatas 4.4), e viveu na tutela da lei. Reconhecendo-a, disse dessa forma, pela responsabilidade de cumprir a lei. E para isso, em Mateus 5.17 e 18, Ele disse: Não cuideis que vim abolir a lei e os profetas, mas vim para cumpri-la, e, nem um jota ou til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.

Jesus assegurou que a lei deveria ser cumprida no decorrer do seu ministério, porque qualquer que a violasse seria apedrejado até a morte.

E verdadeiramente Jesus cumpriu a lei. Foi circuncidado aos oito dias; foi apresentado na sinagoga (Lucas 2.21-24); assumiu o seu sacerdócio aos trinta anos (Lucas 3.23; Números 4.43, 47); e exerceu outras formalidades cerimoniais da lei.

Observe também, que Jesus curou o leproso (Mateus 8.1-4) e depois o mandou apresentar ao Sacerdote a oferta que Moisés ordenara no capítulo 14 de Levítico.

A Nova Aliança não teve princípio no nascimento de Jesus, mas na sua morte (Gálatas 3.22-25 e 4.4, 5). Para tanto, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo quando Cristo rendeu o seu espírito a Deus (Mateus 27.50-51). Então, passamos a viver pela graça do Senhor Jesus, sendo introduzido o Novo Testamento, o Evangelho da salvação pelo triunfo do Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário, e encerrando-se ali toda a ordenança da lei de Moisés.

Cristo não veio ensinar os judeus a viverem bem a Velha Aliança. Ele disse: Um novo mandamento vos dou (João 13.34). Paulo disse: Se a justiça provem da lei, segue-se que Cristo morreu em vão (Gálatas 2.21). Em Mateus 5.20, disse Jesus: Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.

O Senhor Jesus Cristo mandou os escribas e fariseus cumprirem a lei de Moisés, a qual ordenava o dízimo. Nós, porém, para herdarmos o reino do Céu, não podemos de forma alguma voltar ao ritual da lei Mosaica, mas precisamos exceder essa lei, ainda que cumprida. O amor, a graça e a paz do Senhor Jesus excede a lei e todo entendimento humano. 

A Segunda vez que o Senhor Jesus referiu-se ao dízimo, foi na Parábola do Fariseu e do Publicano (Lucas 18.9-14). Ele tomou como exemplo um religioso, dizimista fiel, que jejuava duas vezes por semana, porém, exaltava a si mesmo e humilhava um pecador que suplicava a misericórdia do Senhor. 

É interessante observar que os fariseus continuam até hoje se exaltando da mesma forma, batem no peito e dizem: Eu sou dizimista fiel. Mas nesta narrativa alegórica, o Senhor Jesus Cristo exemplificou que no Evangelho não há galardão para os dizimistas, ao contrário, os censurou.

Hebreus 7.5: E os que dentre os filhos de Levi receberam o sacerdócio tem ordem, segundo a lei, de tomar os dízimos do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão.

A Palavra afirma que Moisés deu uma lei ao seu povo, direcionada aos filhos de Levi, especificamente aos que receberam sacerdócio para trabalhar nas tendas das congregações, os quais tinham ordem, segundo a lei de receber os dízimos dos seus irmãos. Agora note o relato do versículo 11e 12:

Hebreus 7.11: De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio Levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade se havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque (referindo-se a Jesus Cristo) e não fosse chamado segundo a ordem de Arão? (menção a Moisés, o qual introduziu a lei ao povo).

Hebreus 7.12: Porque se mudando o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança na lei.

A Palavra do Senhor assegura que os sacerdotes levíticos deveriam receber os dízimos segundo a lei (Hebreus 7.5), porque através deles o povo recebeu a lei (Hebreus 7.11). Mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança na lei (Hebreus 7.12), porque se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico, qual a necessidade do Senhor Deus enviar outro Sacerdote? A Palavra não deixa sombra de dúvida que ao mudar o Sacerdócio, necessariamente se faz a mudança na Lei.

E, se voltarmos na lei que fora direcionada especificamente aos filhos de Levi, aos que receberam o sacerdócio do Senhor Deus, e aplicá-la hoje, ela se torna intempestiva e ilegítima, porque não existem mais sacerdotes levitas. Jesus afirmou que a lei e os profetas duraram até João (Lucas 16.16), e mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz mudança na lei (Hebreus 7.12).

Portanto amados, apenas os versículos 5, 11 e 12 do capítulo 7 da carta aos Hebreus seriam suficientes para entendermos a abolição de toda lei.