Louvavam a Deus por tudo e eram estimados por todos. E cada dia o
Senhor juntava ao grupo as pessoas que iam sendo salvas (Atos 2:47).
O que é a Igreja? A Igreja com “I” maiúsculo é a comunidade invisível
de todos os salvos de todos os tempos. Parece um grande absurdo a afirmação de
que “templos atrasam o crescimento da Igreja”, mas será que não há um fundo de
verdade nessa frase?
Alguns diriam que eu estou equivocado. Afirmariam categoricamente que
se não fossem os templos, o Evangelho não teria se espalhado pelo mundo. Será mesmo
verdade? Será que as Boas Novas foram difundidas na velocidade que Deus
planejou em sua perfeita vontade?
Pedro escreveu: Esperem a vinda do Dia de Deus e façam o possível para
que venha logo (2 Pedro 3:12). Quando essa frase foi escrita, Jesus havia dito:
E a boa notícia sobre o Reino será anunciada no mundo inteiro como testemunho
para toda a humanidade. Então virá o fim (Mateus 24:14). Pelo que se depreende
desses versos, os interessados podem sim apressar a volta de Jesus.
Muitos evangelistas e missionários têm espalhado essa boa notícia
pelos povos da terra, exercendo com zelo a sua atribuição e contribuindo para o
crescimento do corpo de Cristo. Mas será que somente eles deveriam fazê-lo?
Será que se cada um de nós fizesse a nossa parte, Jesus Cristo já não teria
voltado para buscar a sua noiva?
Ou será que os salvos não estão mais aguardando ansiosamente a volta
de Cristo? Esse é outro problema. Não deveria ser assim, pois a pátria dos
salvos está nos céus, de onde também aguardam o Salvador, o Senhor Jesus Cristo
(Filipenses 3:20).
Então, é preciso encontrar as razões que estão atrasando o crescimento
do Reino e, por conseguinte, a volta de Jesus Cristo. A obra evangelística de
proclamar o evangelho é o principal propósito da Igreja com relação ao mundo.
Disse Jesus: Portanto, vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus
seguidores, batizando esses seguidores em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo (Mateus 28:19).
Nos parágrafos que se seguem, estão escritas várias razões pelas quais
entendo que os templos podem ser uma desvantagem à propagação mais rápida do
evangelho, à expansão espontânea da Igreja e, porque não, à volta de Cristo.
Em primeiro lugar, templos promovem uma imagem institucional através
de bens materiais e demandam uma tremenda quantidade de dinheiro que poderia
ser usada para o suporte de uma missão evangelística. A Igreja precisa repelir
esta imagem em favor de sua natureza espiritual bíblica.
Templos são vistos como o lugar de evangelismo. Ganhar almas é algo
feito durante os cultos ao invés de lá fora no mundo onde as pessoas se
encontram. Quando a atividade da Igreja fica centrada em instalações, os
membros tendem a transferir suas responsabilidades individuais de ganhar almas
para o pastor e para a instituição. No lugar de darem testemunhos pessoais, os
membros levam os descrentes para o culto para que o pastor faça este trabalho
por eles. Além disso, é difícil conseguir que descrentes se locomovem até ao
templo. O melhor testemunho ainda é aquele dado por um cristão dedicado em seu
contato natural cotidiano com os perdidos.
Com os conceitos tradicionais, encara-se o templo como sendo um lugar
evangelístico por natureza. Recentemente ouvi um indivíduo expressar a ideia de
que o templo deveria ser de beleza tal que as pessoas seriam automaticamente
atraídas por ele. Por outro lado, aquilo que realmente deveria atrair as
pessoas seria a vida de um cristão dedicado. Disse Jesus: "Assim resplandeça
a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e
glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus" (Mateus 5:16). Nenhum templo
bonito pode fazer o mesmo que a vida dinâmica de um cristão cheio do Espírito
Santo.
Templos tendem a separar o
fermento da massa. Jesus falou que o reino dos céus era semelhante ao fermento
colocado na farinha. O fermento é um agente invisível agindo sobre a massa. A
Igreja (fermento) reúne-se em um templo para realizar seu trabalho. Pequenos
pedaços de massa (mundo) são levados para o templo para serem levedados ao
invés do fermento ser levado à massa. Frequentemente, o templo se transforma
num refrigerador onde todas as partículas de fermento são ajuntadas para
armazenamento permanente a espera da vinda do Senhor.
Templos tendem a separar a congregação do lar. De fato, o lar é a
unidade básica da Igreja. A Igreja é Igreja aonde quer que esteja e não apenas
quando está reunida em assembleia pública. Quando a congregação é vista como
uma entidade separada do lar, os pais tendem a transferir a responsabilidade da
instrução religiosa dos filhos para o templo. No conceito bíblico o lar deve
ser o centro da instrução religiosa.
Templos limitam muito o crescimento da congregação. Um construtor de
templos certa vez disse o seguinte: "Uma igreja raramente crescerá além de
80% da capacidade de seu templo." Se os cristãos desejam crescimento
contínuo, têm que optar por uma congregação lotada ou ampliar o templo. Uma
Igreja que não está circunscrita a edifícios tem possibilidades ilimitadas de
crescimento. Lares estão sempre disponíveis. O tamanho de um templo, e
consequentemente seu crescimento potencial, está limitado pela capacidade
financeira da congregação. A capacidade espiritual de crescimento da Igreja ultrapassa
em muito os recursos financeiros de uma congregação. Tal situação esfria o
ardor evangelístico.
Templos, como propriedades da congregação, criam a necessidade de uma
pessoa jurídica. O status legal da congregação obriga que certos padrões sejam
estabelecidos para se pertencer a organização que detém a propriedade. Uma
série de procedimentos organizacionais acompanha a entidade legal. Um registro
oficial de membros juntamente com a natureza formal da igreja típica tende
tornar a frequência em sinônimo de fidelidade. Se não houvesse a necessidade de
um registro de membros, então haveria menos ênfase no lado formal do
Cristianismo e um aumento na ênfase de fidelidade diária na vida cotidiana.
Fazer do templo um requisito necessário proíbe a Igreja de entrar em
certas áreas estratégicas. Os centros das grandes cidades precisam
drasticamente do evangelho, mas as congregações estão se mudando destas áreas.
Quem possui dinheiro paira comprar terrenos e construir a estrutura necessária
para causar um verdadeiro impacto na vida dos centros das cidades?
Templos podem promover esquemas de angariação de dinheiro que são
imorais e até pecaminosos. Muitas congregações utilizaram vários expedientes de
negócio para levantar dinheiro para templos. Existem congregações que são
levadas a facilitar a sonegação de impostos a fim de conseguir dinheiro para
seu templo quando são abordadas por sonegadores que oferecem dinheiro em troca
de recibos de doações filantrópicas. Tais esquemas para conseguir dinheiro
expõe ao mundo uma imagem materialista... "Tudo o que a igreja quer é
dinheiro."
Templos promovem o uso de nomes oficiais, tornando a congregação uma
entidade denominacional. O templo requer que uma propriedade pertença a uma
organização. Os requisitos legais obrigam a escolha de um nome. Praticamente
todo templo possui uma placa denominando o grupo que congrega ali. Nada de
templos... não há necessidade para isto. Sem a imagem institucional a igreja pode
ser simplesmente “o caminho” ao invés de uma organização especifica.
A cada ano, os membros fazem uma grande festa de “aniversário da
igreja” achando que estão comemorando a data de nascimento da Igreja, quando,
equivocadamente, estão celebrando a data de fundação do templo, num escandaloso
flagrante de idolatria.
Templos promovem a Igreja aos olhos do mundo como uma força social e
política, ao contrário de uma força espiritual. Já imaginou o que teria
acontecido caso a Igreja primitiva tivesse construído um grande número de
prédios espalhados pela cidade de Jerusalém para comportar seus milhares de
novos convertidos? Neste caso, quando a perseguição chegasse, ela teria se
esforçado para exercer algum tipo de pressão política ou teria se comprometido
para proteger seu investimento material na cidade. Entretanto, a igreja era
livre para deixar a cidade e mudar para qualquer lugar que o Espírito Santo
movesse. O poder político e riquezas geralmente andam de mãos dadas. Uma
congregação materialmente rica geralmente se preocupa em achar formas de
influência política para melhorar sua imagem e posição no mundo.
A congregação com seus templos e sua inclinação para o
institucionalismo tenderá a uma abordagem organizacional para o evangelismo,
utilizando o templo como ferramenta da organização, ao invés de pensar no
evangelismo como algo espontâneo. Uma abordagem estruturada e organizacional
para o evangelismo frequentemente inibirá ao invés de promover o resgate de
almas. Ganhar almas é a expressão automática dos cristãos cheios do Espírito
Santo. Não é necessária uma organização para garantir o sucesso no evangelismo.
As posses materiais da congregação e organização enfatizam o elemento humano no
evangelismo mais do que o divino. Quando o Espírito de Deus enche a Igreja, há
progresso espontâneo independente da ausência de outras coisas que muitos
consideram necessárias.
Templos inibem a expansão espontânea da Igreja através do mover dos
Cristãos de um lugar para outro. Se uma família cristã se muda para uma nova
comunidade, quanto tempo levará para aquela família iniciar uma igreja e
prosperar no sentido tradicional onde se dá tanta importância a casas de
reuniões. Só o pensamento de um empreendimento tão tremendo desencorajaria
muitos. Ao invés disso, a tendência será de se juntar a outro grupo existente o
qual já possui um templo construído. Quando o templo não é considerado uma
necessidade, qualquer um pode iniciar um ponto de reunião no seu lar. Assim,
todos podem exercer influência imediata em sua vizinhança.
Templos tendem a colocar o treinamento de lideranças em um plano fora
do natural. Os líderes são considerados como aqueles que estão à frente da
parte organizacional da vida da congregação e que lideram as assembleias
formais no templo. A liderança no sentido tradicional é destituída do
verdadeiro significado espiritual como visto na Igreja do Novo Testamento. O
treinamento não é realizado no "campo de trabalho" como era na Igreja
primitiva. Os pescadores de almas são treinados anos e anos mais nunca saem
para pescar. Até as crianças são treinadas desde a infância quando a Igreja
está no lar. As crianças aprendem vendo os pais no trabalho ativo para Cristo
na comunidade imediata.
Leia mais sobre o assunto.
Bibliografia:
Holmquist, Gerald. Pattern for Progress
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