quarta-feira, 27 de julho de 2016

Envergonhado do Evangelho

“Eu não me envergonho do evangelho, pois ele é o poder de Deus para salvar todos os que creem, primeiro os judeus e também os não-judeus” (Romanos 1:16)

Quando olhamos para o verso acima, entendemos que Paulo não estava envergonhado do Evangelho. Pode parecer algo incomum para nós que ele tenha feito esta declaração, sendo um apóstolo, o principal portador do Evangelho de Jesus Cristo. Mas, quero te dizer que, na carne, Paulo teria muitas razões para estar envergonhado do Evangelho, porque o Evangelho que ele pregava contradizia tudo que se cria ser verdade, e tudo que se cria ser sagrado em sua cultura.

Paulo não tinha nenhum intento de ser relevante à sua cultura. Ele não tinha nenhum intento de fazer um acordo com ela, adaptar sua mensagem a ela, por um embrulho na sua mensagem ou qualquer outro tipo de absurdo que se tem tornado tão proeminente na comunidade evangélica de hoje. Para o judeu, o Evangelho — o Evangelho de Paulo — era o pior tipo de blasfêmia, porque declarava que o Nazareno, que morreu naquela cruz amaldiçoada, era o Messias e o Filho de Deus. Para o grego, era o pior tipo de absurdo, porque declarava que este judeu de um lugar distante era na verdade, Deus em carne. Por isso, Paulo sabia que, quando abrisse sua boca para proclamar o Evangelho, ele iria ser completamente rejeitado e ridicularizado com desprezo, a menos que o Espírito Santo interviesse e movesse sobre os corações e mentes dos que escutavam. Isto é o que ela sabia. Isto é o que vocês devem saber, líderes. Se você está pregando o Evangelho de maneira correta, será um escândalo e, se você diminui o escândalo, não está mais pregando o Evangelho.

Em nossos dias, o Evangelho primitivo não é menos ofensivo, pois continua contradizendo cada dogma ou cada “ismo” presente em nossa cultura: relativismo, pluralismo e humanismo. Vamos analisar cada um desses “ismos”.

Nós vivemos em uma era de Relativismo, um sistema de crença que se baseia na certeza absoluta de que não existem certezas absolutas. Nós hipocritamente aplaudimos os homens por buscarem a verdade, mas pedimos a execução pública de qualquer homem que acredite tê-la encontrado. Nós vivemos em uma era de Obscurantismo auto imposto. Por quê? As razões são claras. O homem natural é uma criatura caída, é moralmente corrupto e está empenhado em ter autonomia, isto é, em governar a si mesmo. Ele odeia a Deus porque Deus é justo, ele odeia as leis de Deus, pois ela o censuram e restringem a sua malignidade. Ele odeia a verdade, pois ela expõe quem ele é e aflige o que lhe restou de consciência.

O homem caído busca empurrar a verdade — especialmente a verdade sobre Deus — para o mais longe possível, para eliminá-la. Ele irá a qualquer extremo para suprimir a verdade, até mesmo ao ponto de entender que a verdade é algo que não existe; ou, se a verdade existe, não pode ser conhecida, ou não tem relevância alguma em nossas vidas. Perceba isto com respeito ao Evangelho: não é o caso de um Deus escondido, mas sim do homem que se esconde. O problema nunca é o intelecto, mas a vontade.

Eu não creio que a Bíblia dê algum espaço para o ateísmo. Há homens mentirosos e inimigos de Deus que empurram a verdade para fora de suas mentes, mas não ateus. “Porquanto, tendo conhecido a Deus” (Romanos 1:21). Veja, assim como um avestruz esconde a sua própria cabeça na areia para evitar um rinoceronte, o homem moderno nega a verdade do Deus justo e de moral absoluta, com a esperança de silenciar a sua própria consciência e arrancar da sua mente o juízo que sabe que virá.

O Evangelho Cristão é um escândalo para o homem envolvido com o Relativismo e para a sua cultura, porque o Evangelho Cristão faz exatamente o que o homem mais deseja evitar: desperta-o do adormecimento auto imposto para a realidade de sua natureza caída e rebelde, e o chama a rejeitar a autonomia e o autogoverno e se submeter a Deus através do arrependimento e fé em Jesus Cristo.

No próximo texto comentaremos sobre o Pluralismo.

Por Paul David Washer

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