Hoje em dia existe o modismo de os ministros de louvor e os músicos
evangélicos serem chamados de levitas. Esse modismo – e outros mais que
aparecem de tempos em tempos – surgiu porque as pessoas insistem em continuar
debaixo da Velha Aliança.
No tempo de Moisés, os levitas não eram responsáveis pela música no
tabernáculo. Embora as orações e os sacrifícios incluíssem o sentido de louvor,
adoração e ações de graças, na Lei de Moisés não há nenhuma alusão à parte
musical no culto. Somente quando Davi se tornou rei de Israel é que a música
foi inserida como parte da adoração.
Davi era músico e compositor desde a sua juventude (I Samuel 16:23).
Então, para cumprir o seu propósito, Davi precisava atribuir a tarefa musical a
alguém que estivesse disponível, com dedicação integral para isso. Ora, os
levitas, embora tivessem outras atribuições, eram as únicas pessoas disponíveis
para a mais nova tarefa (Crônicas 9:14-33; 23:1-32; 25:1-7). Havia então entre
eles porteiros, guardas, padeiros e também cantores e instrumentistas (II
Crônicas 5:13; 34:12).
Pela Velha Aliança, todos os que serviam no trabalho eclesiástico –
inclusive os Sacerdotes – eram chamados de levitas, pois eram aqueles que
executavam qualquer serviço ligado ao culto. O levita era simplesmente um servo
e não alguém para ser servido.
No Novo Testamento não temos referência a músico como levita, nem a
ministros de louvor, nem a instrumentistas na igreja. Jesus disse que virá o
tempo, e, de fato, já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai
em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem (João
4:23). O ensino apostólico, por sua vez, incentiva todos a prestarem culto ao
Senhor, com salmos, hinos e cânticos espirituais (Efésios 5:19; Colossenses
3:16). Portanto, todos – afinados ou não – devem cantar louvores a Deus,
independente de haver ou não músicos para guiar os cânticos. Embora, sem dúvida
alguma, estes tenham a sua importância no aperfeiçoamento da beleza e da
organização dos cânticos.
De fato, os levitas designados por Davi para cuidarem da música tinham
a tarefa de profetizar com harpas, alaúdes e saltérios (I Crônicas 25:1).
Naquela época, foi composta a maioria dos salmos de Israel. Os levitas eram
também profetas. Por meio deles o Espírito Santo falava ao povo. Além disso,
eram mestres no que realizavam (I Crônicas 25:7).
Entretanto, hoje estamos sob uma Nova Aliança e temos um vinho novo. E
ninguém põe vinho novo em odres velhos, pois o vinho novo romperá os odres;
entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão. Pelo contrário, vinho novo
deve ser posto em odres novos [e ambos se conservam] (Lucas 5:38-39). Jesus
usou a metáfora dos odres exatamente para indicar que o evangelho “novo” que
ele trazia não podia ser mantido dentro do “velho” Judaísmo dos fariseus. Essa
insistência em colocar vinho novo em odres velhos é a causa de tantos
desmazelos que vemos hoje na obra de Deus.
É muito importante que nos desfaçamos do velho jugo, simplesmente
porque Jesus Cristo nos trouxe um novo, bem mais suave e leve. Embora muitas
pessoas – a exemplo do que aconteceu no primeiro século – prefiram continuar
praticando os rituais antigos, é preciso lembrá-los que essa não é mais a
vontade perfeita de Deus.
Entretanto, com todo respeito, se o músico no tempo da graça quiser
continuar sendo chamado de “levita”, precisa honrar esse nome e se dispor para
o serviço e para caminhar em direção a um nível de qualidade excelente de vida
espiritual.
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